O Fundão está localizado no sopé da Serra da
Gardunha, no planalto da Cova da Beira, a uma
altitude de cerca de 500 metros. É sede de um
município com 701,65 km² de área e 31 482
habitantes, subdividido em 31 freguesias.
O Município é limitado a norte pelos municípios da
Covilhã, Belmonte e Sabugal, a leste por Penamacor
e Idanha-a-Nova, a sul por Castelo Branco, a
sudoeste por Oleiros e a oeste por Pampilhosa da
Serra.
História
Na Idade do Ferro, desde o ano 1000 a.C. até à sua
destruição pelos Romanos, houve no topo do
Monte de São Brás um Castro lusitano. Este foi
substituido por uma vila ou núcleo de edifícios
agriculturais no tempo do Império Romano (por
baixo da Rua dos Quintãs). Julga-se que a villa foi
substituida por uma mansão senhorial fortificada na
Alta Idade Média.
O topónimo do local Fundão foi pela primeira vez
referido em documento de 1307, e depois 1314 e
1320 referindo 32 casas. Nessa altura ficava aquém
em população e influência, a várias aldeias que hoje
fazem parte do seu concelho, como a do Souto da
Casa.
A história do Fundão enquanto centro urbano
preeminente é condicionada desde o início pelos
Cristãos-Novos, assim como a dos concelhos
vizinhos de Belmonte e da Covilhã. Após a expulsão
dos judeus espanhóis (sefarditas) em 1492 pelos
Reis Católicos Fernando e Isabela, grande número
de refugiados veio a estabelecer-se na Cova da
Beira, onde já havia minorias judaicas significativas.
Foram estes imigrantes, fundando bairros dos quais
o mais importante situava-se em volta da Rua da
Cale (Rua do Encontro ou da Sinagoga em Hebraico,
que permitiram ao local Fundão assumir as
dimensões de uma verdadeira cidade. O influxo de
mercadores e artesãos judeus transformaria a
cidade num centro importante para o comércio e a
industria. Com o estabelecimento da Inquisição,
começaram as perseguições aos judeus e
cristão-novos, tendo sido numerosas as
expropriações, as torturas e as execuções. Ainda
hoje são frequentes os nomes dos cristão-novos
nos habitantes da região. A cidade perdeu assim
nessa altura grande parte do seu dinamismo
económico.
Em 1580 os notáveis da cidade deram o seu apoio
ao Prior do Crato D. António, contra as pretensões
do Rei de Espanha D. Filipe II (Filipe I de Portugal).
Nesse ano elevaram unilateralmente eles próprios o
Fundão ao estatuto de Vila. O concelho foi fundado
em 1747 por ordem de D.Maria I, emancipando-o da
Covilhã.
No período do Iluminismo do fim do Século XVIII, o
então Primeiro Ministro do reino, o Marquês de
Pombal, após equiparar legalmente os cristão-novos
aos cristão-velhos, procurou restaurar a
preeminência económica da cidade fundando a Real
Fábrica de Lanifícios, onde hoje está situada a
Câmara Municipal. Nessa altura voltaram a ser
exportados em quantidade os tecidos de lã do
Fundão. A cidade foi saqueada durante as Invasões
Francesas, e voltou a sofrer durante a Guerra Civil
entre os Liberais pró-D. Pedro II e os Conservadores
pró. Miguel.
O Fundão foi elevado a Cidade em 19 de Abril de
1988.
Aldeia histórica de Castelo Novo
Situa-se sensivelmente a meio caminho entre
Castelo Branco e o Fundão, na encosta oriental da
serra da Gardunha (650m). É uma localidade bem
conservada do ponto de vista da arquitectura e cuja
estrutura urbana se pode facilmente apreciar
subindo ao ponto mais alto, o terreiro, onde se
situam a Igreja Matriz e a torre de menagem do
antigo castelo, transformada em torre sineira.
O traçado de Castelo Novo aldeia é concêntrico, com
sucessivas ruas traçadas segundo as curvas de
nível, ligadas por escadinhas ou calçadas em granito.
Antigos solares ombreiam com casas populares em
pedra com varandas em madeira. É esta harmonia
que faz o encanto de Castelo Novo. Aqui, parta à
descoberta da Igreja Matriz , a Casa da Câmara (séc.
XV) em cuja frontaria existe um chafariz de três
bicas com as armas de D. João V, o pelourinho
manuelino, a Igreja da Misericórdia (séc. XVII), o
Solar dos Gamboas, a Casa dos Viscondes de
Trancoso, a Casa Correia Sampaio e o Chafariz da
Bica (séc. XVIII), também com as armas de D. João V.
Já à saída da aldeia, encontra-se numa pequena
elevação o Cabeço da forca, local onde eram
executados os condenados e onde ainda são
visíveis os entalhes dos barrotes e caveiras
esculpidas no chão rochoso. Já fora da aldeia, a
Capela de S. Brás, ostentando vários símbolos
templários.
À serra da Gardunha e a Castelo Novo estão
associados mitos e lendas, ou não tivesse esta terra
sido domínio da Ordem dos Templários. Esta zona
terá sido habitada desde a Idade da Pedra, tendo
sido encontrados vestígios referentes às Idades do
Bronze e do Ferro, bem como sinais da presença
romana.
FONTE: Rota dos Vinhos da Beira Interior e C.M. Fundão
De referir que Castelo Novo tem um valor sentimental para mim, autor deste blogue dado que as minhas raízes do lado materno estão aqui no concelho do Fundão, entre Castelo Novo e Póvoa da Atalaia (Terra de Eugénio de Andrade). Passei aqui intermináveis férias na minha juventude e parte da minha adolescência, por entre o cantar dos melros, os corvos esvoaçando no horizonte transportando as Almas, de vez enquando ouvia-se ainda o uivar dum lobo, uma ou outra raposa matreira a esgueirar-se, caminhando por entre intermináveis de pinheiros e eucaliptos, a refrescante bica de água nascente para os tórridos e soalheiros dias, enfim, muitas memórias aqui guardadas. Já para não falar das quase milenares Festas de Santa Luzia, uma sugestão ao leitor.
Hoje, um pouco mais urbano e citadino, já conto alguns anos que não vou a este lugar perdido, mas um dia lá retornarei para ver como aquilo está, qual o personagem principal do mítico filme italiano “Cinema Paraíso”.
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