Designa um vinho feito com uvas vindimadas mais tarde do que o normal, ultra-maduras, quase transformadas em uvas-passas na videira. Todos os vinhos “colheita tardia”, dependem igualmente deste tipo de amadurecimento natural, para ter o tão característico teor de açúcar elevado.
Icewine – Os vinhos “gelados”
O Eiswein é um vinho branco, doce, concentrado, com ótimo equilíbrio entre o açúcar e a acidez, portanto não é enjoativo. Dizem que o Eiswein foi produzido por acaso, num ano em que houve uma descida brusca de temperatura, onde todas as uvas congelaram na vinha.
A grande maioria dos produtores abandonaram o campo, mas alguns, mais inovadores, vindimaram-nas, prensaram-nas e obtiveram um grande vinho!
O “Eiswein” nasceu acidentalmente na Alemanha do séc. XVIII, tendo rapidamente sido valorizado pela sua concentração e registos aromáticos complexos.
Todos os anos, os produtores arriscam a produção e deixam parte das suas uvas amadurecer bastante, na esperança de fazer o Eiswein. Resulta portanto de uma vindima tardia, e obedece a regras apertadas: as uvas são colhidas à mão, depois dos primeiros nevões (entre novembro e dezembro), antes das 10 horas da manhã, sendo obrigatoriamente prensadas nesse estado gelado e nunca podendo a temperatura subir acima dos oito graus negativos. O facto de serem selecionadas uma a uma, faz com que o produto final tenha um preço elevado.
A grande concentração de açúcar e acidez, deve-se ao esmagamento com temperaturas tão baixas, que faz com que a água se separe completamente sob a forma de cristais (de gelo), não diluindo assim o mosto (sumo). Deste modo, consegue-se um vinho muito concentrado, rico em ácidos, açúcares e aromas.
Na Europa, para além da Alemanha, também a Áustria tem produção de “eiswein”, na América os grandes “icewines” encontram-se no Canadá.
Botrytizados – A “podridão nobre”
Outro dos vinhos que se obtém através de uma vindima tardia, é o vinho botrytizado.
E o que é isto de Botrytizar as uvas?
Tal como o próprio nome sugere, este processo consiste no apodrecimento do bago, devido ao ataque natural levado a cabo pelo fungo Botrytis cinerea. Este ataque provoca a desidratação quase total do bago, fazendo com que haja uma grande concentração de açúcares e ácidos (daí chamar-se podridão nobre, porque na verdade não inutiliza o bago), obtendo-se como resultado final um vinho adocicado e com frescura.
Para que os ataques pelo fungo decorram de maneira nobre (isto porque o mesmo fungo pode apodrecer o bago de modo a inutilizá-lo para a produção de vinho), têm que se estabelecer condições climáticas muito especiais, ou seja, isto só sucede com uvas maduras e saudáveis, e se a meteorologia cooperar alternando manhãs orvalhadas, de neblina, que incentivam o fungo, com tardes quentes e soalheiras que secam as uvas e impedem a difusão demasiado rápida do bolor. Se o fungo atacar uvas não maduras, ou uvas cujas películas foram rebentadas (pelo granizo ou animais, por exemplo), ou se o tempo estiver chuvoso ou húmido, então o fungo é uma praga implacável e não uma bênção.