A ADEGA

A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede. Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada.

Actualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região, representado 25 a 30% da produção.

A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na produção de vinhos com maior qualidade.

Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de Cantanhede.

A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente também nos Vinhos Regional Beiras.

Hoje a sua política produtiva assenta num pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas, particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.

LOJA DE VENDA AO PÚBLICO

Neste contexto merecem especial destaque a casta tinta Baga e as castas brancas, Bical e Maria Gomes, com base nas quais se tem vindo a produzir novos estilos de vinho, resultado não só das caracterísiticas sui generis dessas castas, mas também de um esforço permanente na modernização dos processos de vinificação. Acredita-se que desta forma se proporciona ao cliente final uma nova oportunidade de escolha pela diferenciação.

Se a modernização dos processos de vinificação constitui preocupação permanente, paralelamente o mesmo acontece com o acompanhamento desde a Vinha até à Adega. Neste contexto aparecem, de entre as suas congéneres, como uma das primeiras a constituir um Gabinete de Apoio ao Associado, para Produção em Protecção Integrada, que se assume como um sistema de produção que valoriza o Respeito e Não Agressão ao ambiente.

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Hoje está em curso a evolução para a Produção Integrada, visando alcançar um cada vez maior conhecimento e controlo da qualidade em todas as etapas do processo produtivo da Vinha à Garrafa.

Resultado também desta preocupação é a parceria estratégica estabelecida com o BIOCANT (empresa com sede em Cantanhede, vocacionada para a investigação científica na área da Biotecnologia) ao nível da I&D, com a qual se visa alcançar um mais profundo conhecimento do genoma das principais castas, das principais enfermidades que habitualmente as afectam e de eventuais soluções para a sua mais eficaz protecção, perspectivando sempre a sua valorização e distinção, bem como o assegurar de uma eficaz protecção da sua identidade e individualidade.

A consolidação da filosofia que norteia o processo produtivo e a estratégia implementada para a levar à prática culmina, mais recentemente, com a obtenção da Certificação de Qualidade pela NP EN ISO 9001:2000 e a implementação do HACCP.

O mercado externo representa hoje cerca de 20% do volume de negócios, estando os produtos presentes nos mais exigentes mercados mundiais, com especial destaque para a Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Suiça e Canadá entre muitos outros. Ainda ao nível do Mercado externo merece referência a constituição em 2003 da empresa Beiras Alimentar, em Moçambique, visando criar naquela antiga colónia portuguesa uma plataforma que permita trabalhar de forma mais directa os países da África lusófona.

Ao nível do mercado interno, assumem posição de destaque as grandes Cadeias de Distribuição Alimentar, o Canal HORECA e o Comércio Tradicional. O acompanhamento destes dois últimos mercados,  é da responsabilidade das Caves Conde de Cantanhede, empresa criada em 1994 por iniciativa desta adega, com o intuito de assegurar um contacto mais directo com aqueles mercados.

Localização

A Adega Cooperativa de Cantanhede encontra-se situada na Cidade de Cantanhede, terra de vinhas e grandes vinhos, onde se localiza a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada.

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Por se encontrar, no “triângulo geográfico”, delimitado pelas cidades de Coimbra, Figueira da Foz e Aveiro, Cantanhede é privilegiada pela proximidade de Serra e Mar (Serras do Bussaco, Caramulo e Lousã) e pelos extensos e belos areais – praias, da Figueira da Foz  (Praia da Claridade), Tocha (palheiros) e Praia de Mira. O potencial atractivo desta beleza natural e a influência cultural da sempre notável Coimbra (Lusa-Atenas), conferem à região fortes pontos de interesse turístico.

História da Bairrada

As vinhas da Bairrada, com origem no período das legiões romanas estacionadas na região, mostram a secularidade dos vinhos. Particularmente, na região de Cantanhede há registo que a cultura da vinha remonta aos primórdios da nacionalidade. O seu micro-clima Atlântico-Mediterrânico e a proximidade do mar aliados aos solos argilo-calcários contribuíram desde sempre para o seu frutuoso desenvolvimento nesta região.

Documentos dos Séculos X e XI, referem a cultura da vinha na região de Cantanhede, tendo, neste âmbito, o “Livro Preto” da Sé de Coimbra inscrito, que, a 23 de Março de 1094, Pedro Anes e mulher fizeram testamento da sua propriedade a favor da Sé de Coimbra. D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade, autorizava o plantio da vinha na região desde que lhe fosse dada a quarta parte do vinho ali produzido. No reinado de D. Manuel, Rei de Portugal, todos os forais que se referem às povoações da Bairrada, fazem referências aos seus vinhedos. Duarte Nunes de Leão, em 1599, fala da qualidade dos vinhos de Cantanhede.

A história da Bairrada sofreu ao longo dos séculos transformações que a foram tornando conhecida e por vezes protegida pelo grande potencial que oferecia. Em meados do Século XIX instala-se na região a primeira Escola Técnica de Vitivinicultura, época em que também é iniciada a produção de Vinho Espumante. Desde então, a Bairrada mudou profundamente.

Com a evolução dos tempos, a região procurou desenvolver e aperfeiçoar as suas próprias Castas, que têm permitido produzir Vinhos com um carácter muito próprio, reconhecendo-se hoje que esta política constitui uma clara vantagem competitiva.

Carta Viticola da Bairrada, reportada ao ano de 1866 da Autoria de António Augusto Aguiar.   (Reproduzido da Enciclopédia dos Vinhos de Portugal – ” OS VINHOS DA BAIRRADA ” dos autores Mário  Saraiva Pinto – António Fevereiro Chambel -Homem-Cardoso – faz parte da colecção pessoal do Sr. Luis Ferreira da Costa)