O Vinho de Carcavelos é um caso singular em termos de generosos em Portugal. E diga-se que ainda bem que o Município de Oeiras lhe pegou. E bem!

O Vinho de Carcavelos é um caso singular em termos de generosos em Portugal. E diga-se que ainda bem que o Município de Oeiras lhe pegou. E bem!

A área de plantação de vinha é de 12 hectares, com perto de 2000 pés por hectare e uma produção anual que ronda as 50000 garrafas, deste generoso que estagia no mínimo 10 anos. A vinha está assente em solos calcários virados para Sul, com clima marcadamente Atlântico.

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No início deste ressurgimento, colocou-se o desafio de recorrer a registos de como se produzia em tempos idos, devido a particularidades.

 

Para saber mais um pouco sobre o DOC Carcavelos, basta seguir este link AQUI (clique para abrir).

Conforme me confidenciou, quer o Arquiteto Paisagístico, Alexandre Lisboa, como o enólogo, Tiago Correia e reforçado pelo discurso inicial do Presidente da Câmara de Oeiras, Dr. Paulo Vivas, o objetivo é preservar este importantíssimo património histórico e cultural, muito para além do lucro.

E, claro, o gozo que dá produzir algo assim único, que refira-se, é uma autêntica bandeira para a região dos Vinhos de Lisboa, como me referiu o Engº Vasco d’Avillez, o presidente da CVR. O investimento neste projeto ronda os 3 milhões de euros.

A apresentação da nova marca Villa Oeiras Carcavellos, substitui o premiado Conde d’Oeiras.

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Esta alteração deve-se ao facto de existir um descendente do Marquês que entrou em litígio sobre direitos de utilização desta denominação, com o Município. Como se sabe, o Marquês de Pombal era também o 1º Conde d’Oeiras, e com esta marca o Município pretendia homenagear.

(clique nas fotos da galeria para ampliar)

O almoço foi então o mote, por um lado para o lançamento do Villa Oeiras, por outro, para degustar algumas curiosidades, nomeadamente um vinho branco de mesa, feito com Arinto e Galego Dourado, e ainda um vinho tinto de mesa feito com Castelão colheita de 2012. O local escolhido foi a Adega do extraordinário Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras.

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Além disto, e acompanhar aperitivos iniciais e queijos, foram serviços Carcavellos com 10 anos e 20 anos, e aqui sim! Sente-se e muito o peso da história e conclui-se que ainda bem que houve quem metesse mãos à obra.

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Seria uma perda muito grande deixar-se perder algo único. No fim, com a sobremesa com fruta e pudim-flan foi servido um Carcavellos, colheita de 1991, feito com aguardente vínica da Lourinhã, e elaborado e engarrafado na Adega de Dois Portos, Torres Vedras.

Evolução do Vinho de Carcavelos em várias fases.

Evolução do Vinho de Carcavelos em várias fases.

Apesar de ter sido presenteado pelo Município de Oeiras, do novo Villa Oeiras Carcavellos 10 anos, das mãos da sempre incansável e disponível Acessora, Maria Raquel Viana, das degustações dos diferentes Carcavellos, quero deixar então umas notas ligeiras, sendo que no caso do primeiro que referi, e oportunamente, irei lançar a respetiva nota, com harmonização e incluí-lo no meu Guia Premium, porque é algo realmente fora do comum.

APRECIAÇÕES AOS VINHOS PROVADOS

De referir como nota inicial que todos os Carcavellos generosos provados, tiveram um estágio de 24 meses em barricas de carvalho e castanho, sendo os restantes anos completados em garrafa. As castas utilizadas foram sempre o Arinto, Galego Dourada e Ratinho. A aguardente vínica que lhe serve de base é produzida pela Adega da Lourinhã.

Carcavellos 10 anos: É sem dúvida um excelente aperitivo e até estando em época de S. Martinho vai sublime com castanhas assadas. No nariz apresenta aromas iniciais de muita e boa tosta, balâmicos, com nuances de bouquet florais, alguma casca de laranja e um excelente mineral. Na boca, tem uma doçura equilibrada, compensada pela excelente acidez que lhe confere muita frescura, com toque de compota, ligeiro licor e muito bom volume, untoso, como que quase a mastigar e uma ligeira salinidade motivada pela proximidade do Atlântico que lhe dá imensa graça. O fim é algo muito prolongado.

Carcavellos 20 anos: Os anos não afetaram muito este generosíssimo néctar, onde se sente a tosta de forma muito mais suave, com algum toque especiado e notas de chá cidreira. Na boa menos volume mas mais doçura, vinagre não no sentido lato, mas no sentido de se notar mais um pouco a acidez, que suaviza a sua textura e doçura, muito indicado até para sobremesas muito delicadas. No retro-gosto, o seu paladar mantém-se de forma muito persistenta.

Carcavellos Colheita 1991: A sua prova remete para arrepios de pele. Um generoso muito generoso! Os anos ainda não o marcaram muito. Boa tosta inicial, uma maceração prolongada que se nota devido aos aromas saírem bem do copo e espalharem-se, tudo conjugado num bouquet de aromas entre a compota e florais, distribuídos de forma quase equitativa. Na boa uma excelente doçura, menos acidez, mas o açúcar também mais equilibrado, muita geleia, muita untuosidade, grande complexidade e melhor volume. A persistência é algo indescritível num generoso quase perfeito. O seu paladar prolonga-se durante muito, mas muito tempo mesmo. A isto chamo privilégio do provador!