Mais um grande evento em que o Clube de Vinhos Portugueses esteve presente, desta feita para assistir a um programa com apresentação de novas colheitas, provas verticais, boa comida e longas conversas às portas de Lisboa.
A festa decorreu na belíssima e espantosa Quinta de Sant’Ana, bem perto e acessível para quem vive na grande Metrópole e arredores. Aqui existe de tudo, espaço de lazer, enoturismo, turismo rural e até loja de venda de vinhos.
Na adega da Quinta de Sant’Ana decorreram provas verticais com vinhos, alguns deles com mais de uma década, a comprovarem que na estremadura ou agora na Região dos Vinhos de Lisboa, também é possível produzir vinhos que aguentem muitos e bons anos em garrafa. O meu destaque aqui vai para dois Quinta do Monte d’Oiro 1997 e 2001, ambos feitos com Syrah e que em ambos os casos continuavam a ter muito e bom vigor, diria que é um privilégio poder provar vinhos deste calibre! Mais alguns anos pode durar. Contudo e preferencialmente convém beber os que restam nos próximos dois anos.
EU E ESPOSA
Além das provas verticais, estiveram as novidades vínicas dos três produtores, harmonizadas com a melhor gastronomia, boa música estilo jazz e muita conversa à volta do melhor que Lisboa tem para oferecer: as suas especificidades, a sua história e modernidade e todas as suas riquezas, com destaque para os vinhos.
(clique nas fotos para ampliar ou pode fazer zapping)
Falando em boas conversas, tive o privilégio de privar e conversar um pouco com o Engº José Bento dos Santos, da Quinta do Monte d’Oiro.
Como é do conhecimento geral, o Engº Bento dos Santos é o principal percursor de algumas castas em Portugal, nomeadamente o Syrah original de Cotes-du-Rhône, instalado na zona de Alenquer. Além disso tem papel importantíssimo como gastrónomo, sendo igualmente pioneiro em técnicas inovadoras, muito relacionadas até com a sua formação de base em Engenharia Química, das quais muitos chefes bebem desse conhecimento.
À CONVERSA COM ENGº JOSÉ BENTO DOS SANTOS
A conversa decorreu da forma mais informal possível. O Engº Bento dos Santos dispensa essas formalidades e falou de forma francamente aberta, ficando por marcar uma visita à Quinta do Monte d’Oiro que o farei com todo o gosto. O conhecimento sobre os assuntos em causa da sua parte é assombrosa! Começa pela forma como se distingue a descrição da prova, entre provadores e público em geral, a quem deve ser dada informação da forma mais simples possível, algo que tem sido a forma de escrever do Clube de Vinhos Portugueses. No que concerne à gastronomia é muito favorável a aliar produtos tradicionais e naturais portugueses às mais avançadas técnicas de confeção e sofisticação.
O evento vem também no sentido do início de uma Joint venture entre três grandes famílias de produtores da região de Lisboa, unidos pela mesma abordagem à vinificação e pela vontade de aproximar o consumidor final da sua paixão e conhecimento da região.
Situadas entre 30 e 50 Km a norte da capital, as três quintas pertecem à região de Lisboa (antigamente Estremadura) e todas beneficiam de uma forte influência Atlântica: uma grande amplitude térmica, a humidade matinal que os ventos suaves vindos do mar secam – os vinhos têm assim maturações lentas e guardam uma frescura e uma mineralidade única. Os solos são principalmente argilo-calcários.
Quinta da Chocapalha: da família Tavares da Silva (Suíça/Portuguesa). Sandra, que inicia o seu percurso como enóloga na Quinta do Vale D. Maria/Douro Boys e prossegue, com o projecto Wine & Soul/Douro, em parceia com o marido e enólogo Jorge Serôdio Borges, desafia os pais, em 2000, a produzir os vinhos na Quinta da Chocapalha, sendo das primeiras a defender as inúmeras vantagens que a região oferece em termos vínicos.
Quinta de Sant’Ana: a propriedade do Alemão Gustav von Fürstenberg é agora gerida pela Ann (filha do Gustav) e o James Frost. Juntamente com os seus 7 filhos (todos rapazes), vivem na quinta a tempo inteiro. Usando criteriosamente castas Portuguesas e internacionais, os seus vinhos ganham imensa personalidade. A Quinta está preparada para receber turistas (Bed & Breakfast) e organizar eventos de grande dimensão.
Quinta do Monte d’Oiro: pertence a José Bento do Santos (um apaixonado por comida, é presidente da International Academy of Gastronomy), contando com o filho, Francisco, a seu lado neste projecto e com Grégory Viennois (antigo enólogo na M. Chapoutier), supervisor da equipa de produção. Todos juntos optaram por adoptar procedimentos 100% orgânicos que realçam a elegância natural dos vinhos da Quinta.
1 Comentário