A instalação de vinhas modernas na região dos vinhos verdes requer estruturas de suporte diferentes de qualquer outra região. De facto, e para que as características destes vinhos se mantivessem, os sistemas de condução modernos foram concebidos para facilitar os amanhos das vinhas e melhorar as condições de produção sem alterar os princípios tradicionais da cultura da vinha.
Sistemas de condução modernos
Bardo
Cruzeta
Cordão
Bardo
O bardo é o sistema de condução de vinha contínua baixa mais antigo na região, havendo exemplos de plantações deste tipo nos últimos cem anos. Consiste numa linha de esteios com 1,5 a 2 metros de altura, espaçados de 6 a 8 metros, que sustentam 4 a 6 arames. As videiras são plantadas geralmente num compasso apertado (cerca de 1 metro de intervalo) e espalmadas, permitindo-se que comecem a frutificar à altura do primeiro arame, ou seja, muito próximo do solo.
Este sistema de condução, em que as linhas de videiras distam cerca de 3 metros entre si, permite o tratamento mecanizado e simplificação da vinha. O seu maior inconveniente situa-se na poda excessiva que o sistema implica, originando desiquilibrios vegetativos e produtivos. Na realidade estas vinhas têm uma longevidade bastante curta e uma produção irregular.
Cruzeta
A cruzeta é um sistema de condução de vinhas contínuas desenvolvido na região e em voga a partir da década de 70. Na sua forma original, consiste num poste vertical com 2 metros de altura ou mais e outro horizontal, formando uma cruz. O poste horizontal mede entre 1,5 a 2 metros e deve situar-se entre 1,5 e 2,5 metros do solo. As extremidades dos braços das sucessivas cruzes, que devem distar entre si 5 a 8 metros, são unidas por um fio de arame. Junto de cada cruzeta plantam-se quatro videiras que acompanham, aos pares, os braços da cruz, seguindo depois cada uma o seu arame.
As videiras assim plantadas são depois podadas de forma a que a folhagem e os frutos se desenvolvam apenas na parte da planta que se apoia sobre o arame, formando dois longos cordões paralelos. Este formato-base tem sofrido algumas alterações, sendo de destacar as seguintes:
a utilização de uma terceiro arame unindo o topo das cruzetas e servindo de suporte a duas outras videiras que acompanham o poste vertical;
a utilização do sistema de suporte das videiras, mas associado a diferentes formas de plantação (tanto podem ser colocadas duas a duas como isoladamente e tanto podem ser plantadas no enfiamento dos postes verticais como directamente debaixo dos arames).
As críticas dirigidas a este sistema de condução reportam-se, do ponto de vista técnico, à plantação e às dificuldades de tratamento das videiras.
Assim, tem-se verificado que a morte de um pé de videira conduz frequentemente à morte de todas as que foram plantadas na mesma cova e cujas raízes se desenvolveram em íntima ligação.Por outro lado, as pulverizações de cruzetas exigem particulares cuidados, uma vez que o lado «de dentro» fica mal exposto aos tratamentos mecanizados. Acresce ainda que a existência de um só arame e de videiras expostas lado a lado, dando azo a que a sua vegetação se entrelace, propiciando ensombramentos prejudiciais à maturação e favoráveis ao desenvolvimento de doenças criptogâmicas.
Do ponto de vista económico, uma vinha instalada em cruzeta demora em média 8 anos para atingir a sua produção de cruzeiro.
Cordão
O cordão é outro sistema de condução das videiras desenvolvido na região e ultimamente em fase de expansão, podendo ser considerado uma evolução das cruzetas, uma vez que o tipo de condução das videiras é idêntico, embora se assemelhe pela estrutura de suporte aos antigos bardos. Tal como os bardos, a estrutura de suporte é constituída por linhas de esteios espaçados entre 6 e 8 metros e distantes entre si de 2,5 a 3 metros, nos quais se apoiam arames, a partir de 1,2 metros de altura.
O príncipio fundamental consiste em fazer a videira chegar a esses arames sem ramificação, deitando-se de seguida sobre ele, tal como sucede nas cruzetas, para aí se situar a zona vegetativa e produtiva.
Pode optar-se por cordão simples, havendo, nesse caso, um só arame de apoio à videira (a cerca de 1,5 metros do solo) e um ou dois arames mais finos para permitir que o desenvolvimento vegetativo se agarre e melhore assim a exposição das folhas e sobretudo dos cachos; ou por cordão sobreposto, havendo então dois arames para suportar as videiras (o primeiro, ligeiramente mais baixo do que no caso do cordão simples; o segundo, uma altura idêntica aquela que se verifica nas cruzetas) e um outro de apoio ao desenvolvimeto vegetativo da videira que ocorre no arame superior.
O sistema de cordão parece ser o que menos problemas levanta do ponto de vista técnico, uma vez que a facilidade de tratamento é grande, as probabilidades de contágio radicular de videiras doentes bastante diminutas, a exposição e arejamento razoavelmente bem conseguidos. No entanto, o cordão duplo ou sobreposto pode ser acusado de provocar um excessivo ensombramento da videira do arame inferior e de, por vezes, exigir que a poda e a vindima da videira superior se façam com o auxílio de escadotes ou do reboque do tractor.
Do ponto de vista económico, a produção de cruzeiro de uma vinha instalada em sistema de cordão simples deverá ocorrer ao quarto ano e não deverá ultrapassar as 18 pipas por hectare. Quanto às vinhas em cordão sobreposto, a produção de cruzeiro de 20 pipas por hectare atinge-se ao sexto ano de plantação.
3 Comentários
Inês
4 anos atrásnão sei se já ouviu falar dum sistema de safra contínua, implemetado pelos brasileiros. TEm de ver no you tube.
ilidio ferreira
8 anos atrásqual é a melhor direcção que se deve dar à videira no arame do bardo: será para nascente e sul? agradecia uma opinião.
cluvipor
8 anos atrásBoa tarde. Em minha opinião, o melhor é para nascente. Aproveita e monda folhas ao nascente; protege o fruto de manhã, à tarde, avança na maturação da uva. O melhor é apesar de tudo, verificar junto de um enólogo experiente da Região dos Vinhos Verdes. Há sempre dúvidas e ninguém tem técnicas iguais.