MAPAS DOS ROTEIROS PERCORRIDOS

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O texto que se segue foi retirado da página da Quinta da Serradinha e atesta bem da importância que o vinho sempre teve nesta zona.

Foi à volta da Cidade Romana de Collipo, na colina de São Sebastião do Freixo, que se plantaram as primeiras vinhas de Leiria, nos contrafortes da Serra de Aire junto ao Vale do Lis, onde ainda hoje podemos encontrar vinhos que pelas suas características se tornaram particularmente apreciados.
É de crer que a tradição Romana tenha sido interrompida pela ocupação Árabe e será preciso esperar pelo séc. XII para se ver um reatamento do progresso agrícola, graças à apurada técnica, e ao saber, de que eram portadoras as comunidades conventuais de Cister em Alcobaça e de Santa Cruz em Leiria. Prova disso é-nos dada pela própria expansão de Leiria, quando deixa de ser um bastião puramente defensivo. A primeira Igreja erigida fora do recinto fortificado tem por orago São Martinho, patrono das vindimas, uma espécie de Baco cristão que no espírito medieval estava ainda imbuído de tradições pagãs e, sabendo-se que é no adro dessa Igreja que aparece o primeiro mercado, podemos deduzir qual o tipo de comércio predominante na vila nascente.
Nos primeiros forais de Leiria são várias as referências que se fazem aos vinhos, e teve mesmo D. Sancho I necessidade de legislar protecção aos provenientes dos seus reguengos, face a uma concorrência que já se fazia sentir.
É pois natural que alguns autores viessem a considerar mais tarde que o grande vinho medieval português, amplamente exportado para o Norte da Europa e denominado «vinho de Azoy», estivesse relacionado com a povoação de Azoia, a cinco quilómetros de Leiria. Testemunho da qualidade do vinho da região na alta Idade Média é a pequena frase de Gil Vicente no «Pranto de Maria Parda», que no seu testamento irreverente carregado de maledicência poucas coisas venera para além do vinho de Leiria: «e nas termas de Leirêa dêem-lhe pão, vinho e candêa».
É o «estremado vinho de Leiria» que destaca igualmente Duarte Nunes de Leão na «Descrição do Reino de Portugal» em 1610 e mais tarde, Gorani, em 1768 achou por bem informar que em Leiria « … há vinhas donde se extrai um vinho finíssimo».
Leiria é uma cidade infeliz nos princípios do séc. XIX. Arruinada pelas invasões francesas, com um número decrescente de habitantes, a sua decadência vai provocar o abandono dos campos e a ruína dos vinhedos. A Guerra Civil, que durante a primeira metade do século foi uma presença constante, logo seguida pela devastadora ceifa que o Oídio provocou nas cepas que restavam, levou à quase desaparição de uma cultura que tão profundamente marcara a economia e a sensibilidade locais. Segundo informações coevas, temporais auxiliaram essa destruição, e em 1858 surge o lamento expresso no jornal “O Leiriense”: “Desde que as vinhas do concelho deixaram de produzir o vinho para consumo do mesmo, quase todo é importado”. Apesar dos esforços desenvolvidos nos fins do século, a invasão do Míldio e da Filoxera trouxe a devastação total das velhas videiras deixando estigmas que perduraram até hoje. O principal está na substituição de uma produção de qualidade por uma outra baseada na quantidade deixando como lenda vaga a memória do bom vinho que outrora corria dos campos e alimentava as adegas.
Alguns agricultores e comerciantes tentaram porém resistir à experiência trágica que assistia à região, e desde 1870 que desenvolveram um esforço de informação que levou a certos resurgimentos locais. O desastre da filoxera não destruiu completamente esses esforços e nos fins do século XIX existiam em Leiria estruturas baseadas em práticas familiares que conseguem subsistir. Texto de J. Estrela, 1978
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