Aspectos Geográficos
O concelho de Ferreira do Alentejo, do distrito de Beja, localiza-se no Baixo Alentejo. Ocupa uma área de 646,1 km2 e abrange seis freguesias: Alfundão, Canhestros, Ferreira do Alentejo, Figueira dos Cavaleiros, Odivelas e Peroguarda.


O concelho encontra-se limitado a norte por Alvito e Alcácer do Sal (distrito de Setúbal), a este por Cuba e Beja, a sul por Aljustrel e a oeste por Grândola e Santiago do Cacém (ambos do distrito de Setúbal).


Este concelho apresentava, em 2001, um total de 9010 habitantes.


Possui um tipo de clima mediterrânico, com um período seco de cerca de 80 a 100 dias, durante o Verão, em que a temperatura média varia entre os 28 °C e os 30 °C. No Inverno, as temperaturas são relativamente baixas.
A sua morfologia é marcada pela serra de Balona, com 120 metros, a do monte do Outeiro, com 114 metros, e a de Mira, com 227 metros.


Dos recursos hídricos, a referência vai para a ribeira de Alfundão, o ribeiro Barranco do rio Seco, a ribeira de Figueira, a ribeira de Canhestros, o rio Sado e a albufeira de Odivelas.

Resenha Histórica

       
A excelente qualidade do solo que circunda o actual concelho e vila de Ferreira do Alentejo bem como a proximidade de linhas de água determinaram, certamente, a fixação humana nesta zona há cerca de 43 séculos. Tal ocupação é confirmada pelo espólio arqueológico abundantemente encontrado na estação calcolítica que se estende ao longo das margens da ribeira do Vale D’Ouro.

 A arqueologia revelou-nos e confirmou-nos ainda a presença, neste concelho, dos Romanos, do Visigodos e do Povo Islâmico. Presenças estas ainda confirmadas pelos próprios vestígios arquitectónicos como o sejam, no caso deste último povo, por exemplo, as construções de corpo cúbico com cobertura cupular – “Kubba” – que se podem encontrar em Villas Boas, S. Vicente ou ainda em S. Sebastião.

Quanto a fontes escritas propriamente ditas estas são muito escassas e até omissas quanto á data de fundação deste povoado. Deste modo apenas sabemos através dos documentos da chancelaria régia de D. Sancho II e de D. Afonso III que o território foi conquistado aos mouros em 1233 e foi doado, no ano seguinte, à Ordem de Santiago.

Dependente, espiritualmente, do bispado de Évora, só em época mais tardia se constituiu o seu alfoz pelo foral da Leitura Nova, concedido em Lisboa a 05 de Março de 1516, concelho que não incluía os curados de Vilas Boas, Peroguarda e Alfundão, dependentes das matrizes de Beja.

Ferreira teve castelo, situado ao pequeno cômoro do actual Cemitério Público, filial dos espatários de Alcácer do Sal, de que era alcaide em 1527, Francisco Mendes do Rio, e em 1708 Baltazar Pereira do Lago. Esta fortaleza desapareceu totalmente e, segundo informação de um particular, Francisco António Mattos, por volta de 1800, apesar de já estar arruinada, ainda ostentava algumas das famosas nove torres, o fosso e a barbacã.

Por volta de 1839 deliberou a Junta de Paróquia de então, construir nesse terreno o Cemitério Público cujas obras para sempre esconderam a antiga fortaleza. Aliás a recordar a memória dessa exuberante fortaleza apenas restou o escudo da Ordem dos Espatários que ainda hoje encima a entrada principal do Cemitério Público de Ferreira do Alentejo.

No ano de 1627 foi criada a Comarca de Ferreira do Alentejo, em consequência da reforma da Ordem de Santiago e da aprovação régia Filipina dos novos Estatutos, comarca que abrangia as vilas de Torrão, Aljustrel e Alvalade, isto no domínio espiritual, porquanto no domínio temporal a vila era administrada por um juíz de fora, três vereadores, procurador do concelho, escrivão da Câmara, juiz de órfãos, com escrivão e oficiais, alcaide e capitão-mor, assistido por duas companhias, uma de ordenanças e outra de auxiliares.

Em 1762 Ferreira pertencia á Ouvidoria de Beja, e no ano de 1811, estava judicialmente anexada á Vila de Torrão. Nesta altura pertencia á Comarca e Provedoria de Ourique , Diocese de Beja e donatária da coroa.

 Em 1821 Ferreira era concelho da divisão eleitoral de Beja e da comarca de Ourique.

Em 1842, Ferreira era um dos concelhos do distrito administrativo de Beja e compreendia cinco freguesias, a saber: Ferreira e Villas Boas, Figueira dos Cavaleiros, Alfundão, Peroguarda e Santa Margarida do Sadão. Só por volta de 1874 é que a freguesia de Odivelas, também ela pertence do concelho, ficou sob a tutela de Ferreira do Alentejo.

Com o advento da República a 5 de Outubro de 1910, Ferreira do Alentejo sofreu algumas alterações arquitectónicas que acabariam por empobrecer patrimonialmente a actual vila.

 

Apesar de ter sido habitada por algumas ilustres famílias transtaganas, como os Estaços, os Galvões, os Lanças, os Sousas, os Mouratos, os Miras, os Pereiras, os Ravascos Silvas, os Menas, os Vilhenas e os Passanhas, não conservou mansões apalaçadas do passado e somente a estes últimos se deveram a construção dos principais edifícios urbanos que, a partir do século XIX, enobreceram a vila. Entre esses edifícios podemos apontar, a título de exemplo, o da Quinta de São Vicente, pertencente á famílias Passanha , e a casa nobre que se ergue na Rua Conselheiro Júlio de Vilhena n.º 4 / 6, que pertenceu á casa agrícola Jorge Ribeiro de Sousa, herdeiro dos condes de Avilez e Boa Vista e da Morgada da Apariça.

Ferreira foi igualmente berço de importantes personagens que assumiram especial e relevante destaque no campo das letras e da religião, de entre os quais destacamos o conselheiro Júlio Marques de Vilhena, importante figura dos últimos tempos da  Monarquia Constitucional.
 
História e Monumentos
Segundo testemunhos históricos e arqueológicos, as terras deste concelho conheceram o seu povoamento já na época dos Romanos. Singa denominaria a grande cidade romana, que estaria localizada nas proximidades da actual sede do concelho.
Após a Reconquista, estaria na posse da Ordem de Sant’Iago, tendo esta desenvolvido e cultivado terras que, até então, se encontravam praticamente desertas.
Posteriormente, o domínio das terras passou para os duques de Aveiro e, depois da conspiração destes contra o rei, passou para a Coroa.
Foi-lhe outorgado foral por D. Manuel a 5 de Março de 1516, data a partir da qual Ferreira do Alentejo sofreu diversas alterações a nível administrativo.
A nível do património arquitectónico, destacam-se o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, sendo esta a padroeira da vila e do concelho de Ferreira do Alentejo. Na Igreja-Santuário venera-se a pequena imagem de roca que, segundo a tradição, Vasco da Gama levou consigo na viagem à Índia. O interior da igreja encontra-se revestido a azulejos.
É também de realçar a Capela de Santa Maria Madalena ou do Calvário, que tem uma forma circular, cuja abóbada apresenta a configuração de uma redoma, possuindo o hemisfério superior saliências de pedregulhos irregulares; e ainda a Igreja da Misericórdia, de 1595, que apresenta um pórtico manuelino tendo pertencido à Capela do Espírito Santo, demolida em 1911.

Merece igual referência a Igreja Matriz de Beringel, que é constituída por três naves e conserva a sepultura de Rui de Sousa, o primeiro donatário da vila, e sua esposa, D. Branca de Vilhena (século XVI).

Tradições, Lendas e Curiosidades
As manifestações populares e culturais do concelho são realizadas na segunda semana de Agosto; a festa de Nossa Senhora da Conceição, que ocorre a 8 de Dezembro; e a festa de S. Sebastião, realizada no mês de Maio.
No artesanato são típicos os trabalhos em buinho, miniaturas em madeira, bordados e tapetes, pinturas sobre mobília, olaria, ferro forjado e miniaturas em cortiça.

Economia
No concelho predominam as actividades ligadas essencialmente ao sector primário, com a olivicultura e a pecuária, seguidas pelo terciário e secundário, com a indústria ligada à exploração de cortiça.
Cerca de 97% da área do concelho destina-se à exploração agrícola, destacando-se os cultivos de cereais para grão, prados temporários e culturas forrageiras, culturas industriais, pousio, olival, prados e pastagens permanentes. A pecuária mantém ainda alguma importância, nomeadamente na criação de ovinos, bovinos e aves. Cerca de 1692 hectares do seu território correspondem a área coberta de floresta.

Fontes: CM Ferreira do Alentejo e http://beja.blogs.sapo.pt/;