Grande parte da história de Palmela está profundamente ligada à sua importância como região vitivinícola. Desde os tempos mais remotos que se pratica a cultura da vinha, por a região reunir as condições adequadas de solo e clima para a produção de grande variedade de vinhos. A sua fama deve-se à gama de castas existentes, predominando nas tintas o tradicional Castelão enquanto que, nas brancas, se destacam Fernão Pires e Moscatel.

A cultura da vinha na região tem um passado longínquo, admitindo-se que tenha sido introduzida na Península Ibérica – Vale do Tejo e Sado (em cerca de 2000 a.C.) – pelos tartéssios, que estabeleceram negociações comerciais com outros povos permutando diversos produtos, entre os quais o vinho.

Posteriormente, os fenícios (cerca do séc. X a.C.), ao estabelecerem feitorias comerciais no nosso território, apoderaram-se deste comércio, mas é com a chegada dos gregos à Península Ibérica no séc. VII a.C. que a viticultura se desenvolve, passando a ser dada particular atenção à arte de fazer vinho.

Crê-se, no entanto, terem sido os celtas que, no séc. VI a.C., introduziram na Península as variedades de videira que então cultivavam, implementando também as técnicas de tanoaria, indispensáveis à produção e ao comércio do «escoamento do vinho».

Com a romanização da Península – consolidada em 15 a.C. – incrementa-se a cultura da vinha, não só com a introdução de novas variedades mas, também, com a modernização e o aperfeiçoamento de certas técnicas de cultivo, entre elas a poda.

A Vila de Palmela, que recebeu o seu primeiro foral em 1185 atribuído por D. Afonso Henriques – onde se mencionava a vinha e o vinho da região –, confirma a tradição vitivinícola do concelho e da região, que ainda hoje é distinguida anualmente através das Festa das Vindimas.

Desde finais do séc. XIX, figuras importantes marcaram a economia agrícola da vinha no concelho de Palmela. Alguns produtores de vinho destacaram-se na literatura vinícola, merecendo o reconhecimento nacional e europeu através da atribuição de prémios e medalhas de qualidade.

José Maria dos Santos é, neste caso, a personalidade mais importante que marcou, a partir de finais de oitocentos, a paisagem agrícola do concelho de Palmela. Instalou, no Pinhal Novo, um «mundo vinícola», adquirindo novas parcelas de terreno que arroteou e cultivou utilizando os métodos mais modernos. Ficou conhecido como o proprietário da maior vinha do mundo, plantada no Poceirão, que ocupava uma área de 2400 hectares, com 6 milhões de cepas, produzindo anualmente entre vinte a trinta mil pipas de vinho.

Já na entrada do séc. XX, outro destacado membro se afirmou no concelho de Palmela como «empresário modelo», proprietário da mais moderna adega de Portugal naquela época. Falamos de D. Gregório Gonzalez Briz e da Adega de Algeruz, unidade industrial única distinguida por estar apetrechada com o mais moderno sistema tecnológico de vinificação da época.

Mais recentemente, muitos são os que têm divulgado o nome de Palmela como «Terra Mãe de Vinhos».


Os Vinhos

De qualidade certificada e aroma inconfundível, os vinhos de Palmela diferenciam-se entre tinto, branco e moscatel. Nos tintos, é a casta Castelão (“Periquita”) que predomina, dando origem a vinhos encorpados, de cor intensa e aroma cheio, com toques de frutos secos e especiarias.

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Os brancos derivam de castas como Fernão Pires e Moscatel de Setúbal, com boa estrutura e aroma frutado. As castas Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo dominam nos vinhos generosos, para oferecer o centenário “Moscatel de Setúbal”.


Denominação de Origem de Palmela

A área geográfica correspondente aos DO Palmela, regulamentada desde 1989, cobre a mesma área que a DO Setúbal, abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e ainda a freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra.

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A produção dos vinhos tranquilos tintos DO Palmela inclui, pelo menos, dois terços de mosto da casta Castelão conhecida tradicionalmente na Região por Periquita. Com profunda tradição nas zonas arenosas planas, as vinhas de Castelão estão naturalmente adaptadas a este “terroir” e é nele que a Castelão se expressa em toda a sua plenitude. Os vinhos resultantes têm acidez natural correta, taninos presentes e maduros. São caraterizados por descritores aromáticos como cereja, bolota, pinhão, groselha e framboesa.

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Nos vinhos tranquilos brancos, entre as castas aptas à produção de vinhos DO Palmela, predominam Fernão Pires, Moscatel de Setúbal e Arinto. Enquanto as duas primeiras transmitem o seu marcante aroma floral e de frutos tropicais, a casta Arinto garante uma sólida e prolongada frescura, originando vinhos com boa estrutura e aroma floral e frutado que os tornam insinuantes e muito atractivos.

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O clima da região é mediterrânico temperado com Verões quentes e secos e Invernos amenos e chuvosos. A humidade relativa média anual situa-se entre os 75% a 80%, o que reflecte a proximidade do mar.

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Ao todo registam-se perto de 10000 hectares de vinha plantada na região de Palmela.
Também podem ser certificados com a denominação DO Palmela, vinhos tranquilos rosados, vinhos espumantes, licorosos e frisantes.