No último fim-de-semana fui visitar a belíssima vila de Palmela. Parti da capital por isso a viagem foi rápida e agradável. Pouco trânsito e cheiro a verão.

Fui como sempre vou: de mente aberta e curiosa.

Palmela é uma zona de bom vinho, histórias e memórias de um Portugal de outros tempos. O seu castelo medieval, situado entre os estuários do rio Sado e do rio Tejo, mostra-se imponente na fotografia da região. Da torre de menagem, em dias limpos e claros, conseguimos avistar com clareza a vizinha Lisboa.

Isto é um pouco de Palmela, muito pouco, porque a vila tem mais, muito mais.

Tem uma atmosfera maravilhosa que convida a quem passa. Tem ruazinhas pitorescas que parecem saber o nosso nome enquanto chamam por nós. Gentes amáveis, simpáticas e acolhedoras. Tem tudo para merecer ser visitada porque é uma terra que promete não se deixar esquecer.

Assim, seguro e animado, pus-me a caminho do meu destino.

Cheguei, estacionei o automóvel já dentro dos domínios do castelo e calcorreei aqueles caminhos antigos. Espreitei algumas lojas de artesanato local que timidamente mantinham a porta aberta. Infelizmente não consegui petiscar ou bebericar (maldito confinamento) e senti o calor. Fotografei, bisbilhotei e desci ao centro da vila. Estava com grande expectativa para visitar a Casa Mãe da Rota dos Vinhos de Palmela.

 

A CASA MÃE DA ROTA DOS VINHOS – PALMELA

 

Cheguei por volta das 15 horas. O estacionamento era farto e rapidamente me apresentei à porta da Casa Mãe. Cumpri as regras deste novo normal e entrei. Fui recebido pela gentil colaboradora que nos indica logo à entrada as regras do local. No exterior uma pequena esplanada, repleta, já agourava algo de bom.

Percorri as vitrines onde se expõem os vários vinhos dos associados, admirei a arquitetura e reconheci uma adega antiga. Dentro daquelas paredes vive-se o vinho e respira-se a tradição.

Dirigi-me ao balcão, contemplei a mobilia e o menu. Optei pela “prova de 5 vinhos”. Beberiquei entre a máscara e o desconforto de encontrar condições limitadas. Aceitei as regras e abri o paladar.

Comecei com um Rosé, passei aos branco, dois, e terminei com os tintos, novamente dois.

E o que dizer? O que senti? O que percepcionei deste momento? Eu e os copos meio-cheios. Eu e a minha curiosidade. Eu e o meu julgamento. A minha justiça. A minha verdade.

Procurei as qualidades do néctar em cada prova que fiz, reduzi-me ao papel de consumidor e mantive a mente aberta. Esforcei-me para escutar as parcas explicações que iam sendo dadas sobre os vinhos que estava a provar.

Gostava tanto de ter ouvido mais e de ter sido mimado com as narrativas que commumente enaltecem o produto vinícola. Infelizmente pela dinâmica atual do espaço não foi possível.

No final sai com a sensação de pouco. Muito pouco. Triste por me terem informado que à data tudo naquela zona estava encerrado devido às restrições impostas. Feliz por saber que brevemente Palmela e toda a região estará com todo o seu esplendor de portas abertas para nos receber de novo.

Eu quero voltar.

Eu vou voltar e tenho a certeza que na próxima oportunidade sairei ainda mais encantado com a vila. Viva o vinho de Palmela.

 

#tristaodeandrade

#vaicomvinho