Agosto, meu querido agosto. Mês de festas e romarias, de sol, praia e mar. Período típico de férias e descanso. Dias de calor e oportunidades. Tempo de viver e descobrir o mundo que nos rodeia. Chegaste e contigo trouxeste a paz de outros tempos, a ideia de tudo estar normal numa fase em que as coisas estão diferentes. Desde Março que andamos às voltas com uma pandemia. Fechados em casa. Enclausurados e distantes. Proibidos de abraçar e beijar. Tem sido um grande desafio à nossa capacidade de viver. Assim aconteceu. Milhares de empregos que se perderam, empresas que fecharam, familiares que faleceram e tantas coisas mais. O FC Porto ganhou o campeonato, O Trump não deixou de ser o Trump e a Europa divide-se. O primeiro semestre de 2020 reduz-se infelizmente a poucas palavras, tristes, mas poucas.

 

Em Agosto.

 

Com a tua chegada, meu querido agosto, as coisas acalmam automaticamente. Parece que tudo está normal. O povo na praia, as gentes nas ruas, os turistas a voltar e os políticos em fato de banho. As televisões sem grande coisas para dizer, os jornais a inventarem transferências milionárias de jogadores de futebol e a repetição de telenovelas. O Toy, a Agata e Quim Barreiros a assumirem o comando do rebanho em festas populares (limitadas pela DGS) e as fusões no mundo empresarial. Agosto é uma altura perfeita para fundir, vender e fechar.

 

E depois de Agosto?

 

Existe uma cortina muito grande e pesada que nos separa de setembro. Setembro o recomeço, a passagem na casa de partida. Esses dias em que a temperatura começar a descer e o Outono ameaçar chegar e com ele trouxer a incerteza. A dúvida que foi adormecida nos braços de Agosto.

 

A solução?

 

Está nas entranhas dos latinos viver o sol. Bronzear a pele e deixar para depois as preocupações como se, misteriosamente, por graça do universo tudo se resolvesse (ou alguém tratasse por nós).

Este é o caminho que nos apontam – deixa para depois – que agora é tempo de férias. E assim deixamos. Deixamos e vamos. Vamos despreocupados, damos a volta à chave de casa, fechamos o castelo e agarramos o volante.

 

Vai com vinho

 

Meu querido agosto agora que já sabes algumas das coisas que aconteceram nos últimos tempos, agora que já estás informado do que te espera desejo-te “boa sorte”. Eu prometo que vou com vinho e que regresso em Setembro. Vou trabalhar na árdua tarefa de estar de férias. Afiar a caneta e escrever sobre vinho e pessoas. Vou provar todos os vinhos que me deixarem saborear e viver. Prometo que regresso rapidamente com mais viagens e histórias.

Até lá, meu querido agosto, toma conta de nós.

 

#tristaodeandrade

#vaicomvinho