Três dedos de conversa com… Constantino Ramos é uma rubrica da visão feminina sobre o Vinho, que pretende neste modo de entrevista rápida aferir da visão de produtores de Vinho entre outros profissionais, sobre a sensibilidade e opinião que cada um tem para responder a três perguntas colocadas pela The Lady And Red.
Lady and Red é uma rubrica assinada por Cristina Nogueira da Fonseca, apaixonada por vinho, tradições e por Portugal, é Professora, Autora, consultora empresarial e especialista em ser feliz. Colabora com o Clube de Vinhos Portugueses desde 2020 e assina a Visão feminina sobre o Vinho.
O desafio nesta curta entrevista é a Lady and Red colocar três perguntas e assim obtermos contributos para a visão feminina sobre o Vinho e também conhecermos o/a entrevistado/a pelos olhos femininos.
Nesta entrevista o destinatário das questões The Lady And Red foi o produtor de Vinhos conhecido por Constantino Ramos, nascido em Vouzela (Dão‐Lafões) em 1983 e.
The Lady And Red Pergunta: Apanhei esta paixão pelo quando (quando…como…porquê)
Constantino Ramos:
Após uma formação inicial em Ciências Farmacêuticas em Coimbra não conseguiu resistir ao apelo do campo e do vinho, acabando por tirar o mestrado de enologia na Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro abraçando a sua verdadeira paixão.
As 3 Questões The Lady And Red:
Consultoras como a Nielsen (USA) e Canadean (UK) concluíram que as mulheres já consomem mais vinho do que os homens em alguns lugares do mundo, como é o caso dos Estados Unidos (Califórnia). No país, as mulheres são responsáveis por 59% do consumo de vinho. E além de consumirem mais dos que os homens, ao contrário do que se pensava, gostam de vinhos tintos encorpados de uvas como Cabernet Sauvignon e Merlot.
- Como vê o actual papel da mulher portuguesa como consumidora de vinho? Pensa na consumidora feminina quando “desenha” um novo vinho? Algum facto que considere pertinente partilhar 🙂
Constantino Ramos responde:
Coloco-a precisamente no mesmo papel que o homem e não só faço distinção como não penso na mulher como alguém que tira um “gosto” diferente. Aliás existe muito o hábito de quando se prova um vinho com mais açúcar residual ou mais frutado ou “fácil” dizer que é um vinho para senhora.
Sempre que posso rebato este ponto pois não me parece de todo correto. Aliás ainda muito recentemente saiu mais um estudo onde é demonstrado que as mulheres são melhores provadoras do que os homens, os homens tendem a ser mais emotivos.
- A enologia ainda é um mundo predominante masculino, porque acha que isso acontece?
Constantino Ramos responde:
Antes de mais acho que tem se vindo a alterar e acredito que vá caminhar no sentido de um maior equilíbrio, aliás olhando para as turmas de enologia vê-se precisamente mais mulheres do que homens. No mercado de trabalho o que julgo acontecer é que um produtor/dono de adega quando olha ou procura um enólogo (em início de carreira) não quer “só” um enólogo, quer um faz tudo que vá desde trabalhos agrícolas/na vinha, trabalhos na adega/adegueiro, etc.
E nesse sentido tendem a privilegiar homens por acharem as mulheres mais frágeis para algum tipo de trabalho mais duro/físico. Naturalmente que muitos destes enólogos em início de carreira que se sujeitam a fazer de tudo, muitos acabam por singrar e aparecem assim mais tarde em cargos de destaque.
Acho que ponto vai/tem de mudar pois esta visão anterior era muito amadora/pouco profissional e um enólogo tem de ser alguém focado no correcto acompanhamento do vinho desde a uva até chegar à garrafa.
- Uma mulher da história/cultura/política/qualquer outro quadrante com quem gostaria de beber uma garrafa de vinho e claro, que vinho beberiam?
Constantino Ramos responde:
Fico na dúvida entre duas respostas muito imediatas pois tenho duas mulheres que fazem parte regular da minha vida. Uma é a Nina Simone pois oiço variadíssimas vezes as música e a outra é a Agatha Christie que é uma paixão que vem de trás pelo fascínio que sempre tive pelos seus livros e muito em particular pela personagem que ela criou – Poirot. Ainda hoje continuo a reler várias vezes estes livros e a rever a série na TV.
Acho que escolheria a Agatha Christie para a questionar intensamente sobre a personagem Poirot. Sendo o Poirot uma personagem de personalidade tão clássica e de gosto requintada a opção teria mesmo de ser um vinho branco da Borgonha
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