E para uma mulher tudo ou nada?
Numa primeira pesquisa encontrei zero mulheres no pódio de Enóloga do ano em Portugal por exemplo, mas entretanto fui alertada aqui no clube que até já temos algumas mulheres distinguidas já algum tempo a esta parte, como produtoras, enólogas, e sommelier, sem a mesma proporção dos homens, mas já é alguma coisa em Portugal.
Ainda assim, são muito poucas mulheres com destaque. Não concordam?
No Brasil por exemplo, este ano, pela primeira vez (Em 2004 foi criada a distinção) nunca o pódio tinha sido ocupado por uma mulher, finalmente podemos dar os Parabéns a uma mulher seu nome Vanessa Stefani.
Há que levantar a questão: serão os homens significativamente melhores no domínio da arte do vinho ou será ainda este um sector que continua predominantemente sexista?
De recordar que até aos anos 70 as mulheres eram proibidas de entrar nas adegas por mitos e preconceitos que afirmavam que a menstruação estragaria o vinho ou impactaria drasticamente na sua qualidade. Já lá vai, certo?
Força mulheres, não é só dia 8 de Março!!!
O sociólogo Florent Schepens, dá-nos conta que ainda hoje em algumas vinhas na Suíça as mulheres só podem apanhar as uvas e o acesso à adega contínua restrito.
A verdade é que as mulheres estão a reclamar o seu acesso à adega e o seu lugar como produtoras de vinho, aliás muitas já trabalhavam na sombra dos maridos, cujo nome era o único que aparecia na garrafa.
Charles Rigaux, investigador em sociologia do enoturismo recorda que “Embora cada vez mais mulheres tenham feito o seu caminho nesta indústria no século XX e sejam vistas como verdadeiras produtoras de vinho, a forma como as vinhas são transmitidas por herança nas famílias ainda funciona a favor dos homens. Quando chega a hora de um viticultor passar o seu negócio para os filhos, muitas vezes ele escolherá o filho em vez da filha.”
Hoje quando comparado com os anos 90, é impossível negar o fenómeno crescente do aumento do número de mulheres donas das suas vinhas, senhoras e produtoras do seu vinho, que têm a coragem de ir a jogo num mundo que continua a ser dos homens, em número e em distinções.
E para mim, são sempre elas, as Enólogas, as Produtoras e as Sommeliers do ano.
The Lady And Red