Errar o primeiro passo para acertar.

 

“Os erros são as aulas práticas de uma vida que nos ensina a nunca desistir.”

 

Somos tentativas. Aventureiros na arte de arriscar e ousar. Viajantes com a ansiedade de ir mais longe, mais além e mais distante. Levamos a bagagem que vamos encontrando na estrada e carregamos o passado. Adeptos do ditado “pôr pés ao caminho” e persistentes quando obrigamos o corpo cansado a seguir em frente.

 

Guerreiros de uma só guerra: a vida.

Conquistadores de uma só vitória: o tempo.

 

Enfrentamos degraus que se agigantam como montanhas diabólicas, desafios e contrariedades. Puro desejo de felicidade e ascensão. Como semente lançada à terra cujo destino é o céu. Crescimento vigoroso e viçoso, estrondoso sucesso de elevação. Magnifico pulsar de um coração que quer alcançar a luz mas por fim a queda, o tombo, o estilhaçar da alma num chão frio e cru, duro e simbólico. O entardecer, a noite, o lento morrer ao som de tambores que entoam na nossa cabeça. A lágrima que cai, os olhos que se fecham, o desespero. A ferida que se abre, que se rasga, que faz aprender. A chuva que molha mesmo quando não está a chover.

O erros que nascem de erros, as más escolhas, os maus caminhos. As estradas pouco iluminadas, os trilhos duvidosos.

A eterna questão: faço ou deixo de fazer? Ou deixo que seja feito por alguém?

 

Sentado no sofá da sala, de olhos fixos e estacionados num ponto branco da parede, rosto imóvel e pálido. Ar cansado, torturado pelas questões da escolha. A rotina de quem acabou de chocar de frente com a vida. A vontade de desistir, os braços caídos, as notícias na televisão e o mundo a acontecer.

Na rua há gente que nesse preciso instante está a vencer. Mas isso são os outros. Contas do rosário alheio, de um imaginário sonhador porque no próprio erro vive a própria dor.

 

Mais uma aula de vida, escola prática de quem vive no terreno, na realidade, de quem prova a comida que confecionou, dorme na cama que fez e percorre o trilho que traçou.

 

O chão é o primeiro degrau para voltar a subir.

 

Um copo de vinho, um brinde, o sucesso da escolha, a celebração e de novo a vitória. Uma boa vindima, uma excelente produção e corações felizes. Altos e baixos, cair e levantar porque há anos bons e anos maus. No vinho e na vida.

 

#tristaodeandrade