Os primórdios
Por toda a região duriense estão presentes espólios históricos, que remontam aos séculos III – IV, de lagares e vasilhames de vinho.
Designação
Porém, a designação de Vinho do Porto, apenas emerge na segunda metade do século XVII, como resultado do desenvolvimento da viticultura duriense e do aumento da exportação de vinhos.
História de Oscilações e convulsões
A origem e história do Vinho do Porto apresenta um longo percurso marcado por altos e baixos de crises políticas, económicas e sociais, que conduziram ao produto final que hoje conhecemos como o encorpado e aromático Vinho do Porto.
Aliança Anglo-Lusa
Em 1386, foi estabelecida uma aliança política, comercial e militar entre Portugal e Inglaterra, denominada Tratado de Windsor, concedendo a possibilidade de os comerciantes do outro país residirem no seu território e comercializarem em igualdade como os habitantes locais.
A partir do Século XV
Assim, decorrente desta situação, na segunda metade do Século XV houve uma grande produção e exportação de vinho português para Inglaterra, do então denominado vinho “tinto de Portugal”, leve e ácido, cultivado na proximidade do Minho.
Mudanças do perfil dos vinhos
Devido aos conflitos políticos entre França e Inglaterra, este último país optou por aumentar os impostos sobre os vinhos franceses e proibiu posteriormente a sua importação, o que por paradoxalmente,
conduziu a uma maior procura do vinho português.
Os comerciantes apercebendo-se que as características do vinho produzido no Minho não correspondiam às apreciadas pelos ingleses.
Assim procuraram produzir um vinho mais robusto e encorpado, que apenas seria conseguido se fosse produzido nas encostas do Alto Douro.
Isto levou a uma expansão da viticultura duriense para satisfazer as novas exigências do mercado.
Logística marítima
No seguimento destes acontecimentos e, por questões de mobilidade, o vinho começou a ser exportado pelas embarcações existentes na cidade portuária do Porto, motivo pelo qual passou a ser conhecido como Vinho do Porto.
Tratado de Methuen
Em 1703 o Tratado de Methuen determinou a diminuição de impostos sobre o Vinho do Porto, aumentando, assim o incentivo para a sua comercialização e consequente exportação.
Iniciou-se um período de grande prosperidade que perdurou até 1750, uma vez que nesta década a procura escasseou, as exportações estagnaram, mas a produção vinhateira manteve-se, causando um excesso produção.
Papel do Marquês de Pombal
Perante esta crise comercial, em 1756, Marquês de Pombal determinou o controlo estatal sobre o comércio de Vinho do Porto, pela empresa Companhia Geral da Agricultura das vinhas do Alto Douro, de forma a assegurar a qualidade do vinho bem como atingir um equilíbrio entre a produção e o comércio.
Classificação das parcelas
Determinou, igualmente, a delimitação das áreas vitivinícolas através de 335 pilares de pedra, conhecidos como os marcos pombalinos ou Feitoria, onde eram cultivados os melhores vinhos que seriam exportados a preços mais elevados, sendo estes denominados por “vinhos de feitoria” ou vinho fino.
Os vinhos, com uma qualidade mais modesta, apenas poderiam ser comercializados a nível interno, sendo intitulados de “vinhos de ramo”.
A DOC!
O Marquês de Pombal foi um visionário do conceito de Denominação da Origem Controlada uma vez que estas medidas estiveram na origem da legislação dos dias de hoje.
A segunda metade do século XVIII deu início a práticas que levaram à transformação do Vinho do Porto tal como o conhecemos atualmente.
Nesta época iniciou-se a fortificação do vinho, isto é, a adição de aguardente no início da sua fermentação, transformando-o assim num vinho mais doce, forte e aromático. Este processo tornou-se prática comum e aceite apenas no século XIX.
A Calamidade chamada Filoxera
No final da década de 1880, alguns viticultores importaram da América do Norte videiras de castas indígenas, sem terem conhecimento de que estas eram portadoras de pequenos insetos que se tornaram parasitas para as vinhas europeias levando-as à sua morte.
Em 1868 este surto, denominado de filoxera, destrói as melhores vinhas de Vinho do Porto da região. Consequentemente o Vinho do Porto escasseou causando um aumento do seu valor.
Criação do Entreposto de Vila Nova de Gaia
Só na última década do seculo XIX a prosperidade regressou ao comércio do Vinho do Porto com a gradual recuperação das vinhas. Em 1926 foi criado o Entreposto de Vila Nova de Gaia que funcionou como prolongamento da região vitivinícola, o local onde ficariam situados todos os armazéns de envelhecimento.
Mudanças Orgânicas
Na década de 1930, surgiram algumas inovações como o primeiro Vinho do Porto branco seco e a criação do Instituto de Vinho do Porto, sendo este responsável pela regulamentação e fiscalização do Vinho do Porto.
Assim em 1932 começa-se a organizar “Grémios da Lavoura, com representação dos Sindicatos locais, constituídos pelos proprietários cabeças-de-casal.
Por seu turno, os Grémios Concelhios passariam a associar-se na Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro – Casa do Douro, organismo encarregado de proteger e disciplinar a produção. Regulamentação posterior (decreto de 30 de Abril de 1940) atribui-lhe poderes para elaborar a atualizarão do cadastro, distribuir o benefício, fornecer aguardente aos produtores, fiscalizar o vinho na região demarcada e conceder as guias para os vinhos a ser transportados para o Entreposto de Gaia.
“Surge em 1933, uma associação responsável pelo sector comercial de forma a zelar pela disciplina do comércio, o Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto.
Estes dois organismos, Casa do Douro e Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto, passam a ser coordenados pelo Instituto do Vinho do Porto que apresenta, ainda, competências de fiscalização, propaganda do produto, estudo e promoção da qualidade.
Após 1974, a organização corporativa é extinta e o Grémio dos Exportadores deu lugar à Associação dos Exportadores do Vinho do Porto, que passou a posteriormente e designar-se de Associação das Empresas de Vinho do Porto.
Em 1986, surge a Associação de Produtores Engarrafadores de Vinho do Porto que apresenta como objetivo a exportação direta, a partir das quintas do Douro, em nome dos respetivos produtores.
4 Comentários
MANUEL MARQUES MARTINS
7 anos atrásMUITO BOM
Jorge Cipriano
7 anos atrásBoa tarde. É muito importante para o Clube de Vinhos Portugueses que os seus artigos informam e agradam aos seus leitores. Cumprimentos. Jorge Cipriano
João Bárbara
7 anos atrásBastante resumido mas, bem descrito.
Falar da história de um vinho, quaisquer Vinhos, não pode ser feita com exigência que se pede, em meia dúzia de parágrafos.
Está apelativo. Boas fotos.
João Bárbara
Jorge Cipriano
7 anos atrásBoa tarde, caro João Bárbara.
Agradeço o seu comentário.
Efetivamente um texto muito extenso é complicado em termos de leitura.
Assim, é preferível partir em diversos capítulos e aí irão sendo revelados mais detalhes.
Folgo saber do seu interesse.
Grato pela atenção dispensada.
Jorge Cipriano