Apesar da sobreprodução registada a meio deste século, factos gravosos levaram a um grande declínio da viticultura em Portugal.
Invasões Francesas
Começaram no início do século e conduziram ao abandono de terras e propriedades, a juntar aos saques perpetrados pelos invasores, culminando com o desvio de quase toda a mão-de-obra para a edificação da defesa de Lisboa, as célebres Linhas de Torres.
Estamos na zona da Estremadura, mais concretamente a Sul de Torres Vedras.
1813-1834 – Do Senhorialismo ao Liberalismo
A massa camponesa, de condição miserável e com poucos conhecimentos, continua subjugada aos grandes senhorios, tendo como principais referências sociais o desembargador, o frade e o foreiro.
A recuperação foi de curta duração, com o início das Guerras Liberais em 1820 que estenderam até 1834 em que se implantou o Liberalismo.
As pragas
A viticultura portuguesa sofreu forte revés a partir de metade do século XIX.
Primeiro vem o Oídio em 1851 que ataca fortemente os bagos e até as varas, afetando a produção de vinho. A juntar a isto, regista-se forte adição de enxofre aos tratamentos, conduzindo a vinhos intragáveis, refletindo-se na drástica redução das exportações.
Mal refeitos do Oídio, aparece a arrasadora Filoxera! Uma verdadeira calamidade para o setor.
A praga generalizou-se em todo o território nacional, provocada por um inseto que ataca as raízes das plantas, e consequente à morte de praticamente todo o património viticola português.
A região primeira a ser fortemente afetada foi a do Douro, calcula-se em 1867, e onde foram investidos largos anos até se descobrir forma de combater a praga, onde foram introduzidos porta-enxertos de variedades americanas, resistentes a estes ataques.
Conhecida a solução, as colinas e montes da Estremadura, rapidamente ficaram novamente cobertas por vinha, e com uma pujança rejuvenescida, passaram a contribuir com enorme volume, levando a excesso de vinho e aguardente armazenados, situação agravada com as medidas aduaneiras de importação de aguardentes estrangeiras para o Vinho do Porto.
Refletindo-se igualmente na Estremadura que com frequência tinha que produzir aguardente para também poderem fornecer as solicitações do Douro.
Durante o primeiro Congresso Agrícola realizado no ano de 1888 em Lisboa, foram tomadas posições que levaram o Governo a rever direitos de importação de aguardente álcoois, isentando os destiladores de contribuições diretas.
Estas medidas foram reforçadas com a concretização de uma iniciativa dos destiladores dos concelhos situados na região da Estremadura, fundando a União Agrária da zona de Torres Vedras, para promover a comercialização dos produtos vínicos. Isto em 1889, quase no fim do século, a tempo ainda de mais uma doença penalizante para o setor.
Em 1893 sente-se o efeito de uma nova doença, o Míldio, que veio do estrangeiro, tendo como epicentro a França.
A vantagem era o conhecimento profiláxico e da sua forma de tratamento.
Aparece a Calda Bordalesa; uma preparação de sulfato de cobre em meio alcalino.
Sendo um tratamento que se devia dar antes da doença, foi cometido o erro de aplicar apenas no meio da mesma, levando também a algumas perdas, quebrando mesmo a produção de forma significativa.
Apesar de ter sido dos séculos mais conturbados para a vitivinicultura, assistiu-se no fim do mesmo às Adegas a abarrotar de cheias, com superprodução, registando-se muita dificuldade no escoamento do vinho.
Aparece o enólogo de mérito, António Batalha Reis, igualmente produtor de vinhos na Estremadura, e na qualidade de relator dos vinhos de pasto do Congresso Vitícola Nacional, afirmou que o futuro da produção de vinhos na Região, implicaria uma elaboração mais cuidada de vinhos de pasto, melhor apaladados, de consumo imediato e com maior aceitação por parte dos diversos mercados.