Muito antes de Romanos, Bárbaros e Muçulmanos ocuparem território português, e à semelhança de outras zonas costeiras, o Algarve conheceu o néctar dos Deuses.
Desconhece-se se a sua introdução ocorreu através dos fenícios ou dos Gregos.
Estamos no longínquo século VIII A.C.
O vinho era um bem de luxo, e porque vinha por via marítima era muito caro, com o seu consumo apenas ao alcance dos mais abastados.
Ocupações Pré-Romanas da Península Ibérica
O seu transporte era em ânforas, e em outros tipos de recipientes, muito relacionados com cerimoniais em honra dos Deuses. Estávamos ainda na era do politeísmo!
Os Fenícios, excelentes comerciantes, tinham no vinho o seu bem transacionável mais valioso e trocava-o nas incursões junto dos povos a Ocidente da Península Ibérica, criando até feitorias precisamente onde hoje se situa o Algarve.
Os achados arqueológicos em cerâmica, vasos gregos de virniz, foram descobertos em zonas como Alcoutim, Castro Marim, Faro ou até mesmo em Silves; eram povoados no Algarve durante os Séculos V a IV A.C.
Krateres
Krateres e Kylikes era a designação desses vasos.
Kylikes
Visto que as altas hierarquias dos povos viam no consumo de vinho um símbolo de poder e manifestação de estatuto social, o vinho grego continuava a ser importado em quantidades consideráveis.
Ad un tempo, iniciam-se as primeiras experiências de plantio de vinha em solo algarvio.
Junto ao estuário do Tejo, por exemplo, já se registava crescimento de videiras selvagens de forma expontânea !
Contudo, sob a influência de Gregos e de Fenícios se iniciou o cultivo da vinha, a par do da oliveira.
Com a chegada dos Romanos, o consumo de vinho generalizou-se e tornou-se mais habitual.
Em meados do Século II A.C. já existiam vinhas no sul de Portugal e com isso manter-se-ia já um preço mais acessível; isto de acordo com Políbio em testemunho para a obra Athenaeus de Naucratis, sobre a Lusitânia.
Políbio
Athenaeus de Naucratis
Contudo precisamente na Lusitânia, o hábito do consumo de vinho ainda não estaria enraizado nos hábitos da maior parte da população mas apenas numa elite mais dada aos contactos com os povos do Mediterrâneo e ao seu modo de vida.
Mapas geográfios segundo Estrabao
Aliás, no ano 18 depois de Cristo, Estrabão refere-se à vida sóbria dos montanheses do interior da Lusitânia que bebiam geralmente água e cerveja, estando o consumo de vinho destinado apenas a acontecimentos festivos.
Referindo-se inclusivamente a belos vinhedos na região da atual Santarém, Estrabão descreve a Turdetânia, onde inclui o actual Algarve, aludindo à abundância e qualidade do vinho produzido.