O Percebe ou Perceve, é das espécies de crustáceo mais apreciada verdadeira iguaria na Península Ibérica, sendo especialmente típica entre o litoral de Portugal e o da Galiza. O desafio deste artigo é abordar este “petisco” e marisco muito cobiçado, chegam a morrer ou correr risco de vida pessoas muitas vezes só para saciar a “gula” ou até como sobrevivência e modo de vida e a harmonização de vinho com esta iguaria muito rica na costa marítima Portuguesa.
A Harmonização: Percebes, a Essência do Mar 🌊 e Vinho.
Para os amantes do mar e dos seus tesouros gastronómicos, poucas iguarias se comparam aos percebes. Imagine um mergulho revigorante nas águas frescas e agitadas de Portugal, num dia quente de verão, transformado em sabor. Esse é o presente que os percebes oferecem: uma experiência, onde o mar se expressa em cada mordida.
Os percebes (Pollicipes pollicipes) são crustáceos únicos, encontrados ao longo da costa atlântica, desde o Senegal até a Bretanha, em França. Em Portugal e Espanha, eles proliferam, trazendo alegria aos gastrônomos ibéricos. Mas como harmonizar esses “dedos de mar” com vinho?
Primeiro, a Textura e o Sabor do Mar Os percebes têm uma textura carnuda e suculenta, com um sabor intenso de mar. São como pequenas cápsulas de ondas e iodo. Para encontrar o vinho perfeito, precisamos considerar três prespectivas:
- Acidez: Os percebes são salgados e intensos. Um vinho com boa acidez ajuda a equilibrar essa intensidade.
- Mineralidade: O solo marinho e a translucidez dos sabores pedem vinhos minerais, que reflitam a essência do mar.
- Frescura: O mar é fresco e revigorante. O vinho deve ser igualmente fresco, com notas diáfanas
Segue-se a escolha do Vinho Ideal
- Vinhos Brancos: Os brancos da região dos Vinhos Verdes são aliados naturais dos percebes. A sua acidez e frescor combinam perfeitamente.
- Alvarinho: Este vinho branco, também conhecido como Albariño, tem acidez vibrante e notas minerais. Uma excelente escolha.
- Vinhos Espumantes: A efervescência limpa o palato e realça os sabores dos percebes.
Depois a Experiência Sensorial
- Ao provar percebes, feche os olhos e sinta o mar. O sabor de onda, a textura das rochas, o frescor da água.
- Acompanhe com pão fresco, manteiga e um toque de limão. Simplicidade é a chave.
- A sensação tátil de suculência dos percebes combina com vinhos que também sejam suculentos e vivos.
Por fim, não menos importante o Brinde ao Mar Português
- Sirva os percebes frescos, cozidos apenas em água salgada.
- Abra uma garrafa de vinho, respire o mar e celebre a essência do oceano.
nota final: Nem as ostras são tão puras na expressão do mar quanto mais os percebes. 🌊🍷
A espécie, de nome científico Pollicipes pollicipes, distribui-se com naturalidade nas costas rochosas desde o Nordeste do Oceano Atlântico, no Canal da Mancha, passando pelas Canárias até Cabo Verde.
Como Preparar!
Ingredientes:
- 1/2 Kg percebes da Costa Vicentina e do Sudoeste Algarvio
- 1 1/2L água do mar sem poluição
Lavar bem as percebes ou perceves, depois colocá-las em água fria, levar ao lume e quando levantar fervura contar 2 minutos, posteriormente, escorre-las bem e servi-las frias.
Tem outras sub-espécies em outros pontos do globo distintos. Pollicipes polymerus da costa oeste da América do Norte, e Pollicipes elegans, da costa do Chile.
A difícil arte de captura de percebes
Pollicipes pollicipes é uma espécie hermafrodita protândrica, para a qual alguns autores sugerem que o modo de fecundação preferencial é a reprodução por fecundação cruzada, processo em que um indivíduo troca gametas com outro, ao invés de se autofecundar.
Alimentam-se por filtragem, nutrindo-se das partículas que conseguem coletar com seus cirros. Esses cirros possuem uma intrincada estrutura ciliar, permitindo que o P. pollicipes tenha uma dieta variada, incluindo diatomáceas, detritos, crustáceos, copépodes, camarões e moluscos.
8 Comentários
José Barros
7 dias atrásSou septuagenário.
Desde que me lembro, em menino, conjuntamente com os meus irmãos, percorria o penedio que, a norte de Leça da Palmeira, se estendia da Praia do Cabo do Mundo até à Praia da Memória, a apanhar percebas. Logo pela manhãzinha (as marés vazas mais amplas são nas luas novas ou luas cheias, ao princípio da manhã e ao fim da tarde), lá íamos nós em bando, só com sandálias e fato de banho. Apanhávamos quilos delas. As melhores estavam normalmente por baixo dos rochedos mais deitados e batidos virados a norte. Havia quem utilizasse facas. Nós preferíamos apanhá-las à unha, para as não cortar.
Mais tarde, era eu já rapazola, começámos a explorar os rochedos da Praia da Agudela e de Angeiras, mais a norte. Ou os da Praia Azul, em Vila do Conde.
Ainda hoje, pertenço a um grupo que, na primeira lua nova de julho, calcorreia os rochedos da praia norte de Afife. Avós, filhos e netos. Os mais ousados, nas percebas. Outro grupo, mais recuado, no mexilhão e no ouriço. E, no repasto desse dia, só se come o que lá for apanhado.
Mas vamos ao que interessa. Aqui há uns anos, comecei a ouvir dizer “os percebes”, ou “os perceves”, em vez de “as percêbas”. E a verdade é que hoje em dia não há menú de restaurante onde o bicho não esteja escrito no masculino. Bem. Nos mercados de Angeiras, de Viana do Castelo e de Vila Praia de Âncora ainda predomina a denominação feminina.
Suponho que essa mudança de género tenha a ver com a influência espanhola. Na verdade, na busca que fiz aos dicionários, confirmei que se refere “a perceba”, substantivo feminino, dando como alternativa o percebe (ou perceve).
Agora, assistir a um programa televisivo em que o apresentador se põe a querer corrigir a dona de um restaurante de Viana do Castelo que insiste em dizer “percêba”, como sempre bem disse, é coisa que custa. E não devemos admitir de bom grado.
Enfim! A típica ignorância do lisboeta presumido….
Cristina
6 meses atrásNo algarve os perceves são apreciados quentes
Yoshiko
4 anos atrásDevo confessar que assustei com a aparência desse crustáceo… mas me esforcei para não olhar a aparência e comi… uma delícia!!!
Vinícius Pipa
6 anos atrás“Understands” foi ótima!
Jorge Cipriano
6 anos atrásGratos, Vinicius. Cumprimentos.
Pedro Fidalgo
6 anos atrásOs meus percebes ou perceves que nunca percebi como se diz corretamente, são afinal os pollicipes pollicipes. Para sorrir encontrei um restaurante que além dos percebes os chama de “understands”. En inglês não há dúvidas!!
Obrigado pelo artigo e abraço,
Pedro Fidalgo
Jorge Cipriano
6 anos atrásAgradecemos o seu comentário mais humorístico. Tem imensas situações assim. Cumprimentos. Jorge Cipriano.
Nilson Jose Guaragni Cesar
7 anos atrásDelicias!