A Casta Negra Mole
A Casta Negra Mole tem o seu berço no Algarve e é lá que é rainha.
Esteve quase extinta !
A Casta Negra Mole foi durante uns anos abandonada e esquecida em centenas de hectares de vinhas nas províncias algarvias pelos seus agricultores que dela, pensaram que mais não havia a fazer.
Casta tosca, de aparência deslavada, com cachos grande e tricolores (uvas brancas, tintas e rosadas), dependendo do clone.
A Casta Negra Mole apresenta aroma frutado e pouca concentração.
Especialmente os vinhos tintos ganham imensa alma estagiando em madeira durante 12 meses.
Não são certamente os melhores atributos que se conhece de uma casta dita de grande valor enológico.
Curiosamente a Casta Negra Mole torna-se tão rica, quando convertida num vinho que é muito expressivo e cheio de linguagem ancestral algarvia.
Macerados por pouco tempo, descobrem-se os claretes de outrora, cheios de fruta vermelha e sabor profundo.
Também os brancos estagiando parcialmente em barrica de carvalho ganham outra estrutura e amplitude de aromas.
A distribuição da Negra Mole
Macerados por mais tempo, vinhos produzidos com a Casta Negra Mole, permite-nos entrar no mundo dos tintos, tipo “Borgonha”.
Leves, mas ao mesmo tempo tensos, de fruta limpa, e boca longa.
Vinhos elaborados com a Casta Negra Mole inquietam os críticos e desafiam os mais primários conceitos do que são na verdade os grandes vinhos.
Se a concentração é o máximo que se procura, se é a elegância ou mesmo a autenticidade tão própria de cada região vitivinícola.
Cada região tem que apresentar a sua alma e identidade própria. A Casta Negra Mole confere este binómio aos vinhos algarvios !!!
Prensada ao de leve, produz mostos brancos, os famosos “brancos de tintas” ou “ blanc de Noir”, super frescos, minerais e salinos, excelentes para os melhores bases espumantes ou para brancos de gastronómicos.
Prensados com mais firmeza, produzem mostos rosa claros, quase salmão a puxar aos famosos rosés de “Provence”, aroma frutado e fresco, como uma elegância esmagadora.
Negra Mole provada no Clube de Vinhos Portugueses
Em 2017, o Clube de Vinhos Portugueses teve a grata experiência de provar um monovarietal desta casta.
Sob orientação da jovem enóloga Joana Maçanita, a Quinta João Clara foi o primeiro produtor do Algarve responsável por este ressurgimento e a produzir um monovarietal.
Clique na imagem que se segue para aceder à nossa apreciação deste fabuloso vinho, um dos melhores provados em 2017 e altamente recomendado.
Referência para este artigo: A negra mole – Fonte de história vitícola do Algarve, por Joana Maçanita
4 Comentários
Miguel louro
2 anos atrásTenho um enorme interesse de por a negra mole no meu terreno.
Miguel
3 anos atrásBoa noite camaradas
Alguem me consegue indicar onde posso obter esta videira?
Cumprimentos
Helder Melim
7 anos atrásViva
A casta negra mole, na Madeira conhecida por “tinta negra mole” (presumo que se trate da mesma casta), é a casta mais produzida na Ilha da Madeira e é responsável pela produção de cerca de 90% do Vinho Madeira. A partir dela se produzem os tipos “seco”, “meio seco”, “meio doce” e doce. Tradicionalmente os vinhos comercializados como sendo doutras castas (Boal, Sercial, Malvasia, Terrantez ou Verdelho”, integravam na sua composição uma percentagem substancial de negra mole.
Jorge Cipriano
7 anos atrásCaro Hélder Merlim
Antes de escrever sobre a casta Negra Mole também me surgiu a mesma dúvida.
Contudo consultei professores quer do ISA quer da UTAD que são variedades diferentes, Falou da Verdelho, por exemplo, e existe o Verdelho-Verdecchio julga-se proveniente da Ilha de Creta e o Verdelho.Gouveio-Verdejo. Duas castas diferentes com o mesmo nome.
Entre a que refere e a do Algarve, variam teores de Acidez-açúcares . Mais acidez na Negra Mole do Algarve e menor na Tinta Negra Mole da Madeira.
A Negra Mole do algarve como tem menos pirazinas e especialmente antocianinas, é menos titureira, menos colorada e poderão alguns clones até ser brancos e daqui facilmente se produzem vinhos “blanc de noir”.
Temos o Prof. Virgílio Loureiro que além de defensor é enorme conhecedor destas castas quase esquecidas.
Gratos pela questão que nos colocou.
Cumprimentos