Impacto do Aquecimento Global na Viticultura
O Impacto do Aquecimento Global na Viticultura é uma realidade e veio para ficar e alterar os paradigmas sazonais.
E não só a viticultura, como tudo o que se plante ou cultive sente estes efeitos.
Não só de agora …
Este assunto foi abordado até nas quartas Jornadas Técnicas da Associação Portuguesa de Enologia, num colóquio em Borba há já perto de 3 anos.
O Eng. Mário Andrade, reconhecido enólogo a este assunto se referiu.
Como então o Impacto do Aquecimento Global na Viticultura afeta a produção de vinho ?
Basta ver a temperatura média dos últimos 3 invernos em Portugal, e perceber que a temperatura média subiu entre 2-3ºC.
Faz toda a diferença no ciclo vegetativo das videiras !!!
Podagens com datas incertas, o Choro da Videira aparece enrte 2-3 semanas mais cedo e sucedente abrolhamento.
Assim, teremos espaçamento mais longo entre estas etapas e a floração, que de seguida origina o fruto verde.
Uma das consequências é o maior risco de doenças, como o míldio que ataca as plantas sob humidade que se faz sentir pelo meio.
Por exemplo, em 20 anos na zona de Figueira de Castelo Rodrigo, a data do primeiro dia de vindima retrocedeu de início de Outubro para Setembro.
Nos Açores, por exemplo, o Arinto local vindimou-se nos últimos 2 anos em fins de Agosto!
Pelos vistos as estações do ano trouxeram alguma entropia e as próprias videiras se ressentem, dado que têm que adaptar o seu ciclo.
Os perfis dos vinhos
A Norte de Portugal, por exemplo, nas Regiões do Douro e Trás-os-Montes registamos já vinhos com teores de álcool entre os 14-16% !!!
Até aqui se faz sentir o Impacto do Aquecimento Global na Viticultura.
Para vinhos generosos por exemplo é uma benece, visto que com elevado grau será necessário adicionar menor quantidade de aguardente vínica.
Logo Vinhos do Porto, Carcavelos, Madeira e até Moscatel de Setúbal tenderão a ficar mais elegantes e macios.
O futuro !
No caso de vinhos de mesa, as evoluções serão mais rápidas, dado o maior teor de açúcar a fermentar que origina maior grau, e consequente baixa de acidez.
Também polifenóis como taninos, pirazinas e antocianinas estarão em maior percentagem, logo, alguns vinhos serão mais ásperos no início, mas evoluirão mais rápido.
Não é de estranhar termos vinhos do Douro, Dão e Beira Interior com 2-3 anos de colheita já no mercado.
Apesar de tudo, teremos muito mais anos vintage, ou seja, para colheitas de excelência e vinhos muito mais sofisticados.
A título de curiosidade, já se consegue no Sul de Inglaterra produzir vinho com alguma concentração.
E temos alguns outros países como a Alemanha ou Áustria onde o mesmo sucede.
Inclusivamente por estes lados, se recorre menos à chaptalização do vinho, ou seja, à adição de açúcar para fermentar, e consequente aumento do teor alcoólico.
Muito mais haveria a falar sobre o Impacto do Aquecimento Global na Viticultura, mas fiquemos por estes dados mais simples.
Constitui excelente tema de discussão no futuro.
Este assunto, especialmente relacionado com o clima, mostra o quão difícil é a tarefa dos produtores, técnicos, viticultores, enólogos entre outros elementos, na gestão do Ciclo da Videira durante perto de 11 meses.
Tudo para que tenhamos frutos em perfeitas condições para obtermos então grandes vinhos.
Só com grandes uvas teremos grandes néctares.
1 Comentário
Alberto Martins
6 anos atrásContinuamos a ter boa informação e de grande valor sobre os vinhos portugueses. É, de facto, uma mais-valia para todos nós!
Parabéns pela excelente exposição dos vinhos e pelo saber-fazer.