Frescura e acidez surpreendem no Branco Dona Matilde

 

Quinta clássica do Douro, do vinho do Porto e dos DOC tintos, Dona Matilde tem vindo a surpreender também com os seus vinhos brancos, capazes de provar que é possível produzir brancos com expressão do lugar, excelente frescura e acidez a cotas baixas, junto ao rio Douro.

 

A ideia de que a Região Demarcada do Douro, devido ao seu clima quente, não seria capaz de produzir brancos de elevada qualidade e prestígio já pertence ao passado. Desde há alguns anos, o Douro tem vindo a provar que é um excelente terroir para a produção de vinhos brancos e, nas cotas mais altas da região vinhateira, tem-se vindo a assistir a um crescimento da aposta na produção de uvas brancas.

Nas cotas mais baixas, persiste a ideia de que o Douro e as suas vinhas têm apenas vocação para produzir vinhos tintos e do Porto de elevada qualidade, mas a Quinta Dona Matilde tem vindo a quebrar este paradigma. Os seus vinhos brancos são produzidos em baixa altitude, a partir de vinhas com mais de 20 anos, situadas em cotas entre os 100 metros, junto ao rio Douro, e os 250 metros de altitude.

E, em cada edição, estes vinhos surpreendem pela frescura, acidez e elegância, três das características mais marcantes dos brancos Dona Matilde.

 

Field Blend

 

Os brancos Dona Matilde são resultado de Field Blend (o que em tradução direta significa “mistura de campo”, ou seja, todas as variedades de uvas são colhidas ao mesmo tempo e fermentadas em conjunto) de quatro castas tradicionais do Douro: Arinto, Viosinho, Gouveio e Rabigato.

Convictos de que a colheita das quatro castas em conjunto confere ao vinho acabado uma outra dimensão (mais do que a soma das suas partes), que o torna mais integrado, enriquecido em textura e com maior complexidade, a atenção da equipa Dona Matilde volta-se para a vinha e para a qualidade das uvas. “Mais do que um vinho tecnológico queremos um vinho autêntico, que respeite o sítio. Procuramos o que o terroir pode dar de melhor e por isso damos mais importância à vinha do que ao trabalho de adega”, sublinha Filipe Barros, o produtor.

O viticólogo José Carlos Oliveira controla todo o ciclo produtivo das uvas e, na altura da vindima, juntamente com o enólogo do projeto, João Pissarra, avaliam em permanência o estado de maturação das uvas. “O segredo é colher as uvas no momento certo”, dizem, sendo que “os diferentes graus de maturação de cada casta dão-nos a intensidade e a complexidade aromática que gostamos de encontrar no vinho”, acrescenta Filipe Barros.

João Pissarra assegura que 2019 foi a “melhor colheita de sempre”. Se, por um lado, a maturidade e o conhecimento das vinhas ajuda, por outro, o ano de 2019 foi “muito generoso”, o que resultou “num dos vinhos mais equilibrados e com o trabalho de enologia mais facilitado de sempre”.

Nas palavras do produtor, o novo Dona Matilde branco 2019 “é um vinho elegante, fresco, muito exuberante, untuoso e com uma acidez equilibrada”.

Convictos da importância do Field Blend na diferenciação do vinho, o novo branco 2019 surge no mercado com uma imagem renovada em que a expressão Field Blend aparece com destaque no rótulo.

Lançado pela primeira vez em 2008, este vinho foi desde logo muito bem recebido pelos consumidores. Esta primeira edição de 2007 foi, aliás, distinguida com medalha de ouro no concurso Berliner Wein Trophy, num tempo em que que os vinhos portugueses não eram ainda muito premiados a nível internacional. Desde 2016, a quinta produz também o Reserva branco, igualmente a partir das castas Arinto, Viosinho, Gouveio e Rabigato.

 

Vinhos clássicos e de joalharia

A Quinta Dona Matilde é uma das mais antigas propriedades do Douro, integrando a primeira demarcação ordenada pelo Marquês de Pombal em 1756. Localizada junto à belíssima estrada entre a Régua e o Pinhão, com ampla frente para o rio Douro, a quinta pertence à família de Manuel Ângelo Barros desde 1927. Este produtor é neto do fundador da quinta e foi administrador durante 30 anos do grupo Barros, um dos mais importantes no Douro, no século XX.

Já neste século, aquele grupo familiar foi vendido à espanhola Sogevinus, mas Manuel Barros acabou por comprar de volta a Quinta Dona Matilde, mantendo-se na produção de vinho do Douro, em conjunto com o seu filho mais novo, Filipe Barros.

Por estas circunstâncias, os vinhos Dona Matilde estão no mercado com nome próprio apenas desde 2007, mas a família dinamizadora está na produção de vinhos do Porto e do Douro há quatro gerações.

Focados no projeto de vinhos em torno da quinta, a família tem trabalhado na última década na valorização do património vitivinícola – entre socalcos ingremes, as vinhas de montanha da Quinta Dona Matilde, num total de 28 hectares, formam um mosaico vinícola diversificado, de vinhas com idades entre os 90 e os 22 anos e exposições solares diversas, integradas numa paisagem com uma grande beleza e biodiversidade, onde se incluem oliveiras, citrinos, horta, jardins e vegetação tipicamente mediterrânica (área total de 96 hectares).

Este trabalho minucioso e de joalharia na vinha e adega procura o conhecimento do património vitícola da quinta, parcela a parcela, visando tirar o máximo partido do potencial de cada uma dessas parcelas. A quinta mantém no entanto a aposta na produção dos tradicionais blends do Douro, com um perfil elegante, sem muita extração e suavemente marcados pelo estágio em madeira, aromas complexos, concentrados e com uma longevidade capaz de oferecer surpresas aromáticas, fruto do passar do tempo. 

Dona Matilde branco 2019

Na 12ª edição, o Dona Matilde branco 2019 é um vinho de cor citrina, com reflexos esverdeados, aroma jovem e intenso, de início marcadamente floral, depois cítrico, com notas de limonete e muito fresco pela presença de notas a anizado. Em boca é um vinho com volume, de sabor muito jovem e muito fresco pela sua boa acidez, fazendo um conjunto equilibrado e muito persistente .

PVP 9 euros