A propósito deste assunto pretende-se ser breve e não muito exaustivo para com o leitor, contudo a Filoxera em Portugal foi um acontecimento que podia ter erradicado a Vinha e com consequências no que hoje conhecemos por Vinho.

Portugal foi o segundo país europeu a ser invadido pela filoxera, inicialmente em vinhas do município de Sabrosa, no Douro. A partir de 1871, a filoxera propagou-se pelo Douro que foi a primeira região vinícola portuguesa atacada por esta praga e também a que mais sentiu os seus efeitos.

Em meados do século XIX ocorreu uma grande praga de filoxera na Europa, de que resultou a destruição de muitas das vinhas, principalmente em França, com consequências nefastas na indústria vinícola.

A Pemphigus vitifoliae (insecto responsável pela Filoxera) foi identificado, supostamente, em 1854 nos Estados Unidos.

Em 1868, Jules Planchon identifica, pela primeira vez, em França, esse mesmo insecto e, julgando estar a descobrir algo de novo, atribui-lhe o nome de Phylloxera vastatrix, sinónimo ainda hoje utilizado, por vezes na Europa e que deu origem ao termo Filoxera.

Como chegou à Europa, o referido insecto, actualmente classificado como um hemíptero da família Phylloxeridae, as opiniõesw dividem-se:
-Através de plantas ornamentais;
– Através de videiras provenientes da América,
– Outras.

Cerca de 40% das vinhas foram devastadas num período de 15 anos, desde a década de 1850 até meados da década de 1870

Em Portugal, a praga teria sido “importada” de França, já os prejuízos foram imensos, inclusivamente há interessantes registos a esse respeito e, a solução encontrada para a resolução dessa terrível praga que estava a dizimar os vinhedos europeus foi, de facto, enxertar a videira europeia em cavalo americano.

Graças à enorme resistência desta espécie à Filoxera  que ataca precisamente, a parte subterrânea das videiras, ou seja, as raízes, a causa da Filoxera é um insecto muito específico e não a videira americana.

Sobre qual foi o primeiro hospedeiro desse insecto para a Europa, há dúvidas embora eu tivesse estudado que teriam sido plantas ornamentais e, numa pesquisa conclui que pelo menos um dos artigos publicados defende essa hipótese.

Em todo o caso, e de qualquer forma, a praga não resulta, de facto, da videira americana, embora seja o seu principal hospedeiro. Em abono da verdade a videira americana foi, de facto a solução e não a causa, solução essa, que se mantém até aos dias de hoje. ´

Resumindo, a videira americana não é, efectivamente, a causa da Filoxera, mas a solução encontrada para ultrapassar essa praga, embora no limite, o que se sabe é que foi um dos hospedeiros. Portanto, atribuir-se à videira americana a causa da Filoxera, além de incorrecto é uma enorme injustiça para uma espécie vegetal que nos salvou da destruição dos nossos vinhedos.

Fonte e agradecimentos: Sr. Engº Duarte Lobo