De facto existem celebridades que progridem num entendimento e acabam por realmente aprender a apreciar vinhos. Nada mau, para dois meses de estrada ao lado do Engº Hélder Cunha, José Fidalgo definiu o produtor e em particular a casta típicamente algarvia, a Negra mole, como a sua preferida, como se pode verificar em entrevista ao JN durante o programa, Rotas do Vinho, passado na SIC.
“Já tem um vinho preferido?
[…] Essas coisas fui descobrindo ao longo do programa. O meu perfil de vinho no início era com uma grande estrutura, muito forte. Mas por incrível que pareça, uma casta, que é a Negra Mole, no Algarve, foi a que mais me suscitou interesse. O Algarve é uma região muito boa em vinhos tintos, que poucas pessoas conhecem e que eu desconhecia por completo, mas foi ali que eu fui descobrir a minha casta preferida.”
Com este produtor fiquei com a feliz sensação que o Algarve não é só sol e praias. Vinhos? Produz-se muito bom, principalmente este último, a quem desde já agradeço a amabilidade de me ter fornecido algo para provar, capaz de ombrear com os melhores de outras zonas, nomeadamente Douro, Alentejo, etc. O meu obrigado à Joana Alves, representante da Essential Passion, proprietária da Quinta João Clara.
Os vinhos em si, que foram provados, e dos quais constam Notas de Prova, foram o João Clara Negramole Tinto 2011, João Clara Reserva Tinto 2010 e João Clara Homenagem Tinto 2009. Sobressaiu a Negramole pela originalidade e exotismo; os dois últimos foram verdadeiras surpresas.
“A história da Quinta João Clara, situada em Alcantarilha, remete-nos para a década de 70 no século XX, altura em que o produtor João Maria Alves decidiu adquirir a propriedade e plantar a sua primeira vinha.
João Maria Alves, sempre foi conhecido por todos como João Clara e assim, a quinta ficou batizada em sua homenagem.
João Maria Alves era produtor de uvas de vinho há 30 anos, as quais entregava à Adega Cooperativa de Lagoa. Quando a velhice se fez notar passou o legado ao seu único filho, Joaquim Alves, que continuou entregar as uvas na mesma adega, no entanto a dificuldade de pagamento por parte da mesma, levou-o a enredar uma alternativa. Alternativa essa, que passava pela produção do seu próprio vinho. E assim, nasce um sonho, com diria Fernando Pessoa, poeta e escritor português, “Deus quer, o Homem sonha e a obra nasce”.
Foi então, no ano de 2006, que o jovem e aventureiro produtor, Joaquim Alves, lançou o primeiro vinho desta quinta. Foram nesse ano produzidas 6 mil garrafas de Vinho João Clara Tinto. Para este primeiro lançamento, foram escolhidos António Maçanita como enólogo e Júlio Antão como artista plástico para envergar a primeira garrafa, elaborando a imagem de marca João Clara.
Este primeiro vinho foi elaborado com parte da produção vinícola, cerca de 3 hectares, a restante produção de uva foi, nesse ano, entregue à Adega Cooperativa de Lagoa, uma vez que não havia capacidade para a utilização da mesma.
O rótulo elaborado para esta primeira garrafa foi inspirado na chaminé algarvia que é um símbolo da região, fruto da influência de cinco séculos de ocupação árabe. Na parte superior do rótulo existe uma deformação, que corresponde ao bico da águia, que simboliza o gosto da família pelo clube de futebol Sport Lisboa e Benfica.
PORTFÓLIO
Foi então no ano 2007 que surgiu o primeiro vinho rosé da Quinta João Clara, seguindo-se o ano de 2008 em que foi lançado o primeiro vinho branco desta quinta, o qual foi uma homenagem a Joaquim Alves.
A QUINTA, VINHA E VINDIMAS
A Quinta João Clara têm a dimensão de 26 hectares, onde são desenvolvidas várias actividades de cultivo, embora a que mais se evidencie seja a cultura de vinha que conta agora com 10,5 hectares.
PRÉMIOS
Contamos, presentemente, com cinco vinhos aromáticos (Tinto, Rosé, Branco, Reserva – Homenagem 2009, Reserva 2010) retirados das castas Trincadeira, Aragonez, Syrah, Alicante Bouchet, Touriga Nacional, Negramole, Crato Branco, Arinto, Verdelho e Moscatel.
Na actualidade a Quinta João Clara está sob administração dos descendentes.
Pode-se dizer que este projecto é fruto de amor, muito esforço e empenho de todos aqueles que intercederam para que este fosse bem sucedido. Este projecto é vivido intensamente não só na conquista do futuro, como também em homenagem ao passado, àqueles que inicialmente se dedicaram ao projecto, Joaquim Alves e João Maria Alves.”
FONTE: Quinta João Clara
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