Concelho
Situado numa zona montanhosa de transição entre o Planalto Beirão e o Alto Douro, o concelho de Mêda tem cerca de 296 Km2 de área reunidos pelas 16 freguesias de seu nome: Aveloso, Barreira, Carvalhal, Casteição, Coriscada, Fontelonga, Longroiva, Marialva, Mêda, Outeiro de Gatos, Paipenela, Poço do Canto, Prova, Rabaçal, Ranhados e Valflor, com uma população que oscila entre os 7 e 8 mil habitantes.
O concelho oferece uma diversidade de paisagens em que alternam os montes de granito e mato espontâneo, campos de amendoeiras que deslumbram o visitante na Primavera quando começam a florir, pinhais frondosos e vários rios e ribeiros em que os adeptos da pesca poderão encontrar enguias e barbos.
O património histórico e arquitectónico não é menos rico e abundam os monumentos, igrejas, solares e pelourinhos.
Dos diversos locais de interesse, destacam-se os magníficos castelos de Longroiva, do qual restam a torre de menagem altaneira e parte da cerca, e o da Aldeia Histórica de Marialva, com quatro torres a dominar a antiga povoação medieval circundada de muralhas.
Merecem, igualmente, ser admirados os vestígios do Castelo de Ranhados, os Paços do Concelho, o Solar das Casas Novas (século XVIII), as fontes de chafurdo e a ampla Igreja Matriz de Meda, e diversos pelourinhos espalhados pelo concelho, como os de Ranhados, Aveloso e Longroiva, entre outros.
Mêda também se orgulha da riqueza e diversidade do artesanato tradicional, em que sobressaem as figuras de santos, os vasos e cântaros de barro, as colchas de linho e mantas de lã e os trabalhos em marcenaria, cestaria e cantaria.
À mesa, ainda se preservam sabores rurais através de pratos típicos como a sopa de beldroegas, caldo de cebola, omeleta de espargos, bacalhau com leite ou arroz de pombo bravo, a par de uma deliciosa doçaria regional.
História
Pinturas rupestres e outros achados mostram que a região terá sido povoada a partir de finais do Paleolítico, havendo vestígios dolménicos em Aveloso, Longroiva, Prova e Ranhados, sendo o documento pré-histórico mais importante a estátua-menir de Longroiva, confirmando a ancestralidade das Terras de Mêda.
Dos povos da época castreja que viveram nas imediações desta vila salientam-se os Aravos, na zona de Marialva, os Longobritas, em Longroiva, e os Meidubrigenses, na Meda.
Os Romanos foram aqueles que mais exerceram aqui o fenómeno de aculturação. As calçadas, as pontes, as placas tumulares, os marcos milenários, as moedas, as aras votivas, as villae e os vicus e as civitas por eles construídas testemunham bem o seu esforço de nos romanizar, testemunhos da ligação com Roma, especialmente nas épocas dos césares Trajano e Hadriano.
Seguiram-se os povos «Bárbaros», os Suevos e Visigodos. Os Árabes, também aqui se fixaram até 1065, data em que Fernando Magno, Rei de Leão e Castela, conquistou a região.
A actual vila de Mêda desenvolveu-se com a reconquista cristã do território e o estabelecimento, nos começos do séc. XII, dum ermitério beneditino situado no local da igreja Matriz, perto do Morro do Castelo.
Durante a Idade Média, a Meda era um povoado de dimensão reduzida, contrastando com as vilas vizinhas que hoje integram este concelho: Marialva, Ranhados, Longroiva e Casteição. Esta vila era um cenóbio beneditino, situado no sopé de um morro granítico que assinalava a presença cristã e o direito ao celeiro.
Na reconquista cristã das Terras de Mêda, protagonizada por Fernando Magno em 1063, foram preciosos auxiliares os castelos do concelho da Mêda. Os pelourinhos e forais velhos e quinhentistas simbolizam a autonomia municipal e testemunham as alterações administrativas, o rei D. Manuel I outorgou o foral à vila de Mêda em 1519. O concelho na sua actual configuração tem cerca de 154 anos, foi reconstruído após a reforma do liberalismo. A criação do município é, assim, anterior ao séc. XVI. Constituído inicialmente por uma única freguesia, o concelho foi beneficiado por decretos sucessivos que nele integraram as freguesias actuais, sendo as mais populosas Mêda, Barreira, Rabaçal, Marialva, Coriscada e Aveloso.
Todavia, já em 1872, Meda apresentava-se como cabeça de Câmara, com efeitos administrativos, fiscais, judiciais e eclesiásticos, e a sua posição sai reforçada com a decisão judicial de Barjona de Freitas.
Até aí, várias alterações decorreram: Os concelhos do Aveloso, Casteição, Longroiva e Ranhados foram extintos por Decreto de 6 de Novembro de 1836. Marialva apenas foi extinto em 1852. A freguesia da Prova, que pertencia em 1855 ao concelho de Penedono, ficou a pertencer ao de Mêda em 1872. A Mêda restaurou a sua comarca (poder judicial) em 12 de Novembro de 1875; a partir de então, e até 1951, o dia 12 de Novembro foi feriado municipal. Actualmente, o feriado municipal da Mêda ocorre em 11 de Novembro (dia de S. Martinho) desde 1974, tendo em atenção a importância de que se reveste a vinicultura para todo o concelho.
Mêda, até então Vila, foi elevada a Cidade em 26 de Janeiro de 2005.
Economia
O concelho da Meda, que já foi um dos principais fornecedores de cereais em toda a região, justificando-se que na Meda se tenha feito um celeiro da Ordem de S. Bento, sofreu uma acentuada queda da sua população na década de 1960 por efeito da saída de muitos dos seus habitantes para trabalhar nos países do centro da Europa de que se está agora a refazer.
O turismo e a produção de vinhos, a par das indústrias de construção civil, restauração e comércio, são os principais recursos de desenvolvimento económico desta vila.
A actividade agrícola mais importante deste Concelho é a vinicultura que se traduz no número de produtores e engarrafadores de vinhos e no desenvolvimento da sua actividade comercial, tanto de particulares como da própria Adega Cooperativa de Meda. As freguesias de Longroiva, Fontelonga, Poço do Canto e Meda, têm parte das suas terras incluídas na Região Demarcada do Douro.
Para além do vinho, que se fabrica na Adega Cooperativa e em produtores particulares, a Mêda tem a produção da amêndoa, uma riqueza importante, e começa a haver alguma euforia com a plantação de castanha, na zona fria do concelho, precisamente na zona granítica. 0 concelho apresenta também uma área razoável de olival, que sustenta diversos lagares de azeite.
Na zona industrial desta cidade estão implantadas diversas indústrias, nomeadamente: mármores e granitos, carpintaria e transformação de madeiras, mecânica, electricidade.
O turismo, nas formas de agro-turismo ou de turismo em espaço rural, começa a dar os seus primeiros passos, sobretudo pelo facto de Marialva ser um das 10 Aldeias Históricas de Portugal. Por tal via, os centros históricos da Meda, Longroiva, Ranhados, Casteição e Marialva, e o sítio arqueológico de Vale de Mouros, na Coriscada, são uma riqueza patrimonial do Concelho cuja vertente económica se adivinha promissora.
Por terras de Mêda encontram-se castelos e ruínas, casas brasonadas, pelourinhos, fragas e fontes com história, sendo que Marialva é o epicentro da distinção do concelho, uma vez que é uma das Aldeias Históricas de Portugal.
Em termos paisagísticos distinguem-se os panoramas que se podem contemplar dos miradouros de Santa Bárbara, na Coriscada, e de Paipenela, do Castelo de Marialva, da Barragem de Ranhados e da Torre do Relógio de Mêda. Ficará decerto gravada na memória a imagem das amendoeiras em flor de Longroiva e Fontelonga, nos meses de Fereveiro e Março.
A Natureza em estado puro que envolve o concelho de Mêda, confere-lhe desde sempre uma áurea de magnificência que encantou gerações de povos e credos. Por estas paragens, entre montes de granito e vegetação espontânea, resplandecem três magníficos castelos, o de Ranhados, o de Longroiva e o de Marialva, este último com quatro torres. Testemunhos incontornáveis da importância histórica destas terras nas lutas e batalhas da Idade Média.
Gente de trabalho, de festa e de mil ofícios, os habitantes de Meda e das belas aldeias circundantes perpetuaram nos séculos, antigos utensílios e deliciosos sabores artesanais da gastronomia beirã que não se esquecem de confeccionar em dias de romaria dos seus santos e padroeiros.
O seu valiosíssimo património não se forma apenas de imponentes pelourinhos ou fortificações castrenses, a herança cultural das hospitaleiras gentes do concelho, engloba as seculares artes de trabalhar o vime, a lã, o linho, o barro ou o metal, ofícios e saberes intemporais a que se juntam as receitas de milhos, papas doces e filhós do joelho da sua rica e deliciosa doçaria regional.
Gastronomia tradicional
@ Pão de centeio
@ Azeitona doce
@ Queijo de ovelha
@ Chouriças
@ Azedas cruas
@ Omelete de espargos
@ Caldo de Cebola
@ Papas laberças
@ Migas ripadas
@ Migas de alho
@ Salada de batatas com azedas
@ Sopa de beldroegas
@ Sopa de fiolho
@ Grelos à pobre
@ Torresmos da Beira
@ Bacalhau assado na brasa
@ Bacalhau Assado com Batatas a Murro
@ Arroz de pombo bravo
@ Esparregado de Feijão Verde
@ Coelho guisado à Beira-Transmontana
@ Papas de Sarrabulho
@ Arroz Doce
@ Filhoses de Natal
@ Bôlas de ovos
@ Papas de Milho
@ Doce de abóbora com amêndoa
@ Doce de amêndoa