Património
MOSTEIRO E POUSADA DE SANTA MARIA DE BOURO
Visitar o Concelho de Amares é realizar uma viagem pela história, na medida em que são muitos os monumentos que retratam épocas documentadas que se relacionam directamente com os grandes momentos da história de Portugal.
O Mosteiro e Pousada de Santa Maria de Bouro é um exemplar desta riqueza. Classificado como Imóvel de Interesse Público, situado na freguesia de Bouro Santa Maria, foi fundado no século XII.
O Mosteiro pertenceu à Ordem de Cister e é caracterizado pela sua arquitectura religiosa, românica, maneirista, barroca, rococó, neoclássica e contemporânea. De salientar, a sacristia forrada a azulejos do século XVIII, onde é retratada a vida de S. Bernardo, um tesouro artístico legado pelos nossos antepassados e desconhecido dos mais atentos olhares.
Parte do mosteiro (convento) foi adaptada para uma “Pousada de Portugal”, considerada hoje uma unidade hoteleira de referência.
SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA ABADIA
Localizado num local aprazível, onde o contacto com o meio natural é privilegiado, o Santuário de Nossa Senhora da Abadia foi construído nos séculos XVII e XVIII, na freguesia de Bouro Santa Maria. O santuário mariano pertence ao estilo arquitectónico barroco e rococó e é composto por capelas de via-sacra, igreja, cruzeiro, fontes e edifícios de apoio aos peregrinos.
É um local de devoção e, ao mesmo tempo, um local tranquilo de rara beleza, onde os visitantes são convidados a permanecer e desfrutar de momentos de descanso. Em redor do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, pode contemplar-se um ambiente paradisíaco, onde o sussurrar das águas e o chilrear das pequenas aves quebram o silêncio que tanto caracteriza este espaço. Caminhadas e percursos relaxantes são actividades bastante apelativas e que podem promover-se na sua área envolvente.
De salientar, ainda, o Museu do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, instalado nos antigos “quartéis” do Santuário. Identifica-se, fundamentalmente, pela arte sacra, estatuária, alfaias, documentação e manifestações religiosas, etc. A etnografia, o folclore e o artesanato (cultura do linho), contribuem, também, para a sua identidade.
MOSTEIRO DE SANTO ANDRÉ DE RENDUFE
O Mosteiro de Santo André de Rendufe, localizado num vale, numa zona rural, isolado pela sua antiga cerca, foi mandado construir no séc. XII, na freguesia de Rendufe.
O Mosteiro beneditino masculino, onde se destaca a talha dourada, de estilo barroco nacional, está classificado como Imóvel de Interesse Público. Parte do mosteiro (dependências monacais e quinta da cerca) pertence a particulares, com uma importante produção de vinho verde.
Sendo uma das mais belas jóias da arquitectura barroca do Concelho de Amares, o Mosteiro de Santo André de Rendufe proporciona, todavia, uma viagem pelos estilos arquitectónicos, onde podemos encontrar a energia e o movimento do barroco, por um lado, e a sobriedade do neoclássico, por outro.
GEIRA
As ocupações humanas do território amarense, que remontam a outras épocas, deixaram um legado construído.
Esta via romana, com cerca de dois mil anos, ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga). Esta ligação entre as duas capitais do Noroeste Peninsular facilitou, na época romana, o acesso às regiões montanhosas do Nordeste do território sob o domínio de Bracara, ao espaço ocidental sob controlo de Asturica.
Em Amares, podemos percorrer parte desta via, recomendando-se o percurso entre o Lugar de Via-Cova, na freguesia de Paredes Secas e Santa Cruz, na freguesia de Seramil, podendo o mesmo continuar pelo Concelho de Terras de Bouro.
PONTE DO PORTO
Classificada como Monumento Nacional, pertence à arquitectura civil pública medieval. Este notável imóvel, com provável construção do século XIV, localiza-se na freguesia de Prozelo, sob o rio Cávado, estabelecendo a ligação de Amares à Póvoa de Lanhoso e a Braga. Localiza-se numa zona rural e é constituída por um tabuleiro plano sobre catorze arcos quebrados e plenos, com três Pegões separados por olhais.
Considerada uma grande obra de beleza e de arquitectura, a Ponte do Porto apresenta contrafortes com talhamares triangulares e talhantes rectangulares.
PONTE DE RODAS
Monumento Nacional, de arquitectura civil pública, medieval, construído na Idade Média na freguesia de Caldelas, sob o rio Homem e faz ligação entre a freguesia de Caldelas e o concelho de Vila Verde. É constituída por tabuleiro plano sobre três arcos desiguais, com dois contrafortes com talhamar de contorno triangular e talhante de contorno rectangular.
CASA DA TAPADA
Imóvel de Interesse Público, construído no século XVI, na freguesia de Fiscal, pertence à arquitectura civil residencial, maneirista e barroca. A Casa da Tapada foi mandada construir pelo poeta Francisco Sá de Miranda e foi sua moradia nos últimos anos da sua vida.
Na quinta da Casa da Tapada é produzido o vinho verde e o espumante “Casa da Tapada”.
Localiza-se numa zona rural isolada e é envolvida por extensos campos de vinha e mata que fazem parte da quinta e possui também edifícios rústicos e um espigueiro.
Enoturismo
Nas encostas do Noroeste de Portugal, produz-se um dos incomparáveis vinhos com características únicas no mundo.
Influenciado pelas peculiaridades das castas regionais, pelas características dos solos, do clima e pela sabedoria do Homem, o Vinho Verde torna-se num néctar muito apreciado, especialmente na época quente, na medida em que usufrui de óptimas propriedades digestivas, leveza e frescura, através de uma mistura de aroma e “agulha” (gás carbónico natural).
A região onde se produz o Vinho Verde é uma das maiores zonas vitícolas de Portugal, onde se destaca a sub-região Cávado, que engloba o Município de Amares.
Nesta sub-região do Cávado, a produção do Vinho Verde apresenta profundas tradições, onde subsistem, pontualmente, peculiaridades curiosas, desde a própria cultura da vinha, com a “vinha de enforcado”, até às vindimas.
A “vinha de enforcado” é antigo sistema de condução de vinha, em que as videiras trepam por árvores, desenvolvendo-se a uma altura considerável do solo, geralmente associado a outras culturas, como ao milho de regadio (Primavera-Verão), e à cultura de forrageiras anuais (Outono-Inverno).
Nesta sub-região, mais concretamente no território que abrange o Município de Amares, a produção de Vinhos Verdes, especialmente muitos vinhos brancos, são produzidos com a casta Loureiro e ostentam um intenso aroma floral, que os tornam num harmonioso acompanhamento para os pratos de peixe, marisco, carnes brancas ou como um aperitivo.
Por sua vez, os Vinhos Verdes Tintos são excepcionais no acompanhamento da afamada gastronomia regional, com os pratos de carne, que tradicionalmente se confeccionam com toda a delicadeza e minúcia.
Do Passado até ao Presente
O Vinho Verde e a sua cultura têm um grande interesse e uma longa história, na medida em que assumia extrema importância como fonte de rendimentos de muitas famílias.
Diz-se que a origem do Vinho Verde remonta à civilização romana, permanecendo, posteriormente, nos hábitos das populações desta região. Desta forma, a partir do século XII, as alusões à cultura da vinha, estavam, tradicionalmente, associadas a uma importância religiosa e histórica.
Só a partir do século XIII, com a expansão da mercantilização, circulação da moeda e expansão demográfica, é que os Vinhos Verdes se tornaram conhecidos nos mercados europeus, sendo os primeiros vinhos portugueses a entrar nos mercados da Alemanha, Inglaterra e Flandres.
O quadro da viticultura regional vai alterando ao longo dos séculos, tendo sempre em conta a sua qualidade e regulamentação, surgindo pela primeira vez a demarcação da “Região dos Vinhos Verdes”, através da Carta de Lei de 18 de Setembro de 1908 e do Decreto de 1 de Outubro de 1908.
Neste sentido, a Denominação de Origem teve o seu reconhecimento a nível internacional, originando a exclusividade do uso da designação “Vinho Verde”, a um vinho com particulares exclusivas.
Actualmente, a Região dos Vinhos Verdes, mais concretamente a sub-região do Cávado (Município de Amares), está a complementar esforços no sentido de incrementar, estimular e desenvolver o potencial turístico da região, a par da actividade vitivinícola e de produção de vinhos de qualidade
Tendo em conta que o Turismo assume um papel cada vez mais importante na dinamização económica e social dos territórios rurais, a valorização do enoturismo, visa a criação e promoção do “Turismo Enológico”, mediante a valorização dos recursos patrimoniais, culturais e etnográficos, associados à produção do vinho, o que permitirá reforçar a identidade local, desenvolvendo alternativas ao crescimento económico e que fixem a população, através da oferta alternativa de emprego e serviços baseados no desenvolvimento sustentado e aproveitamento dos recursos endógenos.
Aspectos Geográficos
O concelho de Amares, do distrito de Braga, localiza-se na Região Norte e no Cávado (NUT II e III), na margem direita do rio Cávado, a nordeste de Braga. Fica limitado a norte pelo rio Homem e a sul pelo Cávado, cujo vale define a sua paisagem. Tem como limites os seguintes concelhos: Vila Verde a oeste e noroeste, Terras do Bouro a norte, Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso a este e Braga a sul. Apresenta um relevo irregular onde predominam os solos graníticos, intensamente irrigados. A variação de altitude de Amares vai desde os 30 metros nos vales dos rios Cávado e Homem a 90 metros no Alto de Sta. Isabel. O clima de Amares, como o de Portugal Continental, é mediterrânico, apresentando uma temperatura média anual de 14 ºC e uma precipitação total anual de 1 707,7 milímetros o que faz com que a pluviosidade deste concelho seja uma das mais elevadas do Minho.
Numa área de aproximadamente 82 km2 distribuem-se 24 freguesias: Amares, Barreiros, Besteiros, Bico, Bouro Santa Maria, Bouro Santa Marta, Caires, Caldelas, Carrazedo, Dornelas, Ferreiros, Fiscal, Figueiredo, Goães, Lago, Paranhos, Paredes Secas, Portela, Proselo, Rendufe, Sequeiros, Seramil, Torre e Vilela.
Em 2005, o concelho apresentava 19 045 habitantes.
O natural ou habitante de Amares denomina-se amarense.
História e Monumentos
A povoação de Amares desenvolveu-se devido à sua situação geográfica, após a invasão dos Mouros no século VIII. O seu nome primitivo parece ter sido Marecos, designação de uma quinta pertencente a Gualdim Pais, primeiro Mestre da Ordem dos Templários. Foi D. Manuel I que em 1514 concedeu foral a Amares. Contudo, o actual concelho só foi obtido em 1853.
Na vila destacam-se a Igreja Matriz e o pelourinho. Do património do concelho fazem também parte os castros de Amares e de Lago; a ponte de Rodas; a ponte do Porto; as casas-torre; a Igreja de Caíres; a Igreja de Figueiredo e a Capela de Santa Luzia. No entanto, as principais referências monumentais de Amares são o Mosteiro de Santo André de Rendufe, beneditino; o Mosteiro de Bouro Santa Maria e o Santuário de Abadia.
Tradições, Lendas e Curiosidades
Em Julho têm lugar as Festas do Corpo de Deus e da Nossa Senhora da Paz.
A Feira Franca de Amares faz-se no segundo domingo de Maio. Aos sábados é realizada uma feira semanal.
O feriado municipal é no dia 13 de Junho.
O artesanato do concelho prende-se principalmente com a tecelagem, os bordados, a fiação de linho, a cestaria, a latoaria, a tanoaria, a talha, as miniaturas em madeira, a cerâmica, a pirotecnia e a construção de alfaias agrícolas.
FONTE: C.M. Amares