Típica e singular Lampreia
Ao falarmos da Típica e singular Lampreia, falamos também do grande motivo de romarias na sua procura.
Algures entre o fim do Inverno e início da Primavera, ei-la a subir rios.
Infelizmente e com as barragens, o peixe tem dificuldade subir e consequentemente desovar.
A juntar a isto continuamos a pensar que os recursos do planeta são inesgotáveis, e tal como sucede com a enguia também aqui se verifica captura de juvenis.
Mas a grande verdade, é que a Típica e singular Lampreia temos meio Portugal loucos por esta iguaria.
É um dos pitéus que levam mais pessoas a abandonar o conforto do lar para ir comer aquele prato, naquele restaurante, naquela região.
O aspecto é de um animal pré-histórico – e parece estar comprovado que assim é – ou de um filme de terror série B, mas isso não interessa nada.
O seu habitat e onde vive
De norte a sul, mas com uma especial tendência para o Minho, a iguaria faz parte dos menus dos restaurantes em quase todo o país.
Contudo é preparada em outras regiões além das ribeirinha do Rio Minho, como no Mondego, Vouga, afluentes do Rio Tejo e muito mais !!!
A Típica e singular Lampreia é o nome comum dado a diversas espécies de peixes ciclóstomos de água doce ou anádromos.
Têm forma de enguias, mas sem maxilas, pertencentes à família Petromyzontidae da ordem dos Petromyzontiformes.
Nestes peixes, a boca está transformada numa ventosa circular, com o diâmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilagem e armada com uma língua-raspadora igualmente cartilaginosa.
Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.
No tempo dos Romanos eram guardadas em grandes tanques.
Consta que houve conflitos na área da teologia, uma vez que nos dias de jejum de carne houve dúvidas em consumir a lampreia.
O primeiro trabalho científico de Sigmund Freud abordou o tema da larva da lampreia, em 1877.
Em Portugal vivem 6 espécies de lampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lampreia-do-sado.
Estes nomes que remetem para os seus locais de origem.
Alimentação
Começam por se alimentar de larvas de peixes e de invertebrados.
Com a ajuda da ventosa, fixam-se pela boca a outros peixes, fazendo um buraco na sua pele para lhes sugar o sangue e comer a carne.
Não é raro vê-las fixadas a tubarões, salmões, bacalhaus e mamíferos marinhos.
A lampreia-marinha (Petromyzon marinus) é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias gastronómicas.
Já a lampreia-de-rio (Lampetra fluviatilis) e a lampreia-de-riacho (Lampetra planeri) não se comem e são mais raras do que a sua congénere marinha.
Dessa forma estão classificadas como criticamente em perigo de extinção, na última versão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005.
A lampreia-de-riacho está presente sobretudo em Portugal, desde o Douro até ao Sado.
Já a lampreia-de-rio foi declarada extinta em Espanha e, em Portugal, encontra-se somente no troço inferior dos rios Tejo e Sorraia.
Para cada uma destas espécies, a população não ultrapassará os dez mil indivíduos.
Há três espécies endémicas de Portugal, o que significa que vivem apenas aqui.
A lampreia-da-costa-da-prata (Lampetra alavariensis) é endémica das bacias hidrográficas do Vouga e do Esmoriz, enquanto a lampreia-do-sado (Lampetra lusitanica) existe só nesta rede hidrográfica e a lampreia-do-nabão (Lampetra auremensis) se restringe a esta bacia afluente do Tejo.
Arroz de Lampreia (Receita de Viana do Castelo)
Ingredientes:
Para 4 pessoas
- 1 lampreia
- 2 cebolas
- 2 dl de azeite virgem extra
- 1 ramo de salsa
- 1 dl de vinho branco
- 1/2 chouriço de carne
- Sal Marinho
- pimenta
- 400 g de arroz
Preparação
Prepara-se a lampreia e corta-se em »toros» (bocados) e tempera-se com vinho branco, a salsa, sal e pimenta.
Faz-se um refogado, pouco puxado, com a cebola e o azeite.
Introduz-se a lampreia neste refogado juntamente com o sangue, a salsa e o vinho que serviram para a temperar.
Adiciona-se um pouco mais de pimenta e o chouriço cortado às rodelas e deixa-se refogar.
Depois, retiram-se os bocados de lampreia e acrescenta-se a calda com água.
Esta deve ser em quantidade que perfaça cinco a seis vezes o volume do arroz.
Rectifica-se o paladar da calda, deixa-se levantar fervura e junta-se o arroz escolhido mas sem ser lavado.
Depois do arroz cozido, o que leva cerca de 20 minutos, introduz-se os bocados de lampreia e serve-se o arroz imediatamente.
Vinhos Portugueses recomendados
E agora num restaurante ou em casa, experimente este peixe muito peculiar.
Bom apetite !