Um conturbado Século XIX com Invasões Francesas e doenças

De facto tivemos um conturbado Século XIX com Invasões Francesas e doenças.

Um acontecimento histórico, que além de ter delapidado vidas de população ativa.

Além do conflito, no que concerne às doenças epidémicas que assolaram a viticultura em Portugal, que foram a Filoxera, Míldio e Oídio.

As Invasões Francesas

Ocorreram no nosso território, 3 invasões, e tiveram lugar logo no início do Século XIX.

A invasões francesas conduziram ao abandono de terras e propriedades.

A tudo isto se juntou os saques perpetrados pelos invasores, culminando com o desvio de quase toda a mão-de-obra para a edificação da defesa de Lisboa, as célebres Linhas de Torres.

Mapas das 3 Invasões Francesas

1ª INVASÃO - Clique para ampliar

1ª INVASÃO – Clique para ampliar

2ª INVASÃO - Clique para ampliar

2ª INVASÃO – Clique para ampliar

3ª INVASÃO - Clique para ampliar

3ª INVASÃO – Clique para ampliar

Como se pode verificar, a última e decisiva invasão, culminou na zona da Estremadura, mais concretamente a Sul de Torres Vedras.

Onde se erigiram então as célebres Linhas de Torres Vedras.

Como curiosidade e na altura sem qualquer tecnologia, conseguia fazer chegar um alerta de aproximação dos invasores à Cidade de Lisboa, em 10-15 minutos !

Um posto de vigia elevado na zona de Peniche, com envio de sinais para Montejunto, de Montejunto para a Serra do Socorro e para a Serra de Sintra.

Tudo por código de Morse em espelhos, e claro, com bom tempo.

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Tela sobre as invasões francesas

Pode dizer-se que de Montejunto, onde podemos encontrar valiosas vinhas de Vital, se conseguem avistar as Serras de Sintra, D’Aire e Candeeiros, as Ilhas Berlengas, a Serra do Socorro; tudo num raio superior a 50km.

Além das invasões francesas em um conturbado Século XIX com Invasões Francesas e doenças, tivemos ainda outros acontecimentos.

1813-1834 – Do Senhorialismo ao Liberalismo

A massa camponesa, de condição miserável e com poucos conhecimentos, continua subjugada aos grandes senhorios.

Tendo como principais referências sociais o desembargador, o frade e o foreiro.

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Cenário em tela das Guerras Liberais portuguesas

A recuperação foi de curta duração no pós invasões francesas.

Tudo por causa do início das Guerras Liberais em 1820 que estenderam até 1834 em que se implantou o Liberalismo.

liberalismo2

As pragas e canículas

Um conturbado Século XIX com Invasões Francesas e doenças, teve a agudizar a crise na viticultura, o aparecimento de 3 doenças.

Míldio, Filoxera e Oídio !!!

A viticultura portuguesa sofreu forte revés a partir de metade deste século XIX.

O Oídio

CICLO OIDIO

Primeiro vem o Oídio em 1851 que ataca fortemente os bagos e até as varas, afetando a produção de vinho.

A agravar, regista-se forte adição de enxofre aos tratamentos, conduzindo a vinhos intragáveis, refletindo-se na drástica redução das exportações.

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Aspeto duma folha de videira atacada com Oídio

A terrível Filoxera !

Mal refeitos do Oídio, aparece a arrasadora Filoxera! Uma verdadeira calamidade para o setor.

A praga generalizou-se em todo o território nacional, provocada por um inseto que ataca as raízes das plantas, e consequente à morte de praticamente todo o património viticola português.

CICLO FILOXERA

clique para ampliar o diagrama sobre o Ciclo do Inseto da Filoxera

A região primeira a ser fortemente afetada foi a do Douro!

Calcula-se em 1867, e onde foram investidos largos anos até se descobrir forma de combater a praga.

Foram introduzidos porta-enxertos de variedades americanas, resistentes a estes ataques, o que finalmente resolveu a hecatombe sobre as vinhas nacionais.

Aspeto do inseto causador da Filoxera

Aspeto do inseto causador da Filoxera

Conhecida a solução, as colinas e montes da Estremadura, rapidamente ficaram novamente cobertas por vinha.

E com uma pujança rejuvenescida, passaram a contribuir com enorme volume, levando a excesso de vinho e aguardente.

Situação agravada com as medidas aduaneiras de importação de aguardentes estrangeiras para o Vinho do Porto.

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Aspeto duma folha atacada com filoxera. Não se julgue que se erradicam as doenças. Podem aparecer. Importa controlar e evitar expansões rápidas.

Refletindo-se igualmente na Estremadura que com frequência tinha que produzir aguardente para também poderem fornecer as solicitações do Douro.

Como sabemos, para produzir o valioso Vinho do Porto, é necessário fortificar com aguardente vínica, parando a fermentação.

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Uma destilaria desenhada numa folha

Tomadas de medidas !

Durante o primeiro Congresso Agrícola realizado no ano de 1888 em Lisboa, foram tomadas posições.

Boletim do 1º Congresso Agrícola

Boletim do 1º Congresso Agrícola

Levaram o Governo a rever direitos de importação de aguardente  e álcoois, isentando os destiladores de contribuições diretas.

Estas medidas foram reforçadas com a concretização de uma iniciativa dos destiladores dos concelhos situados na região da Estremadura.

Congresso Vitícola Nacional2

Folheando o documento !!!

Fundando a União Agrária da zona de Torres Vedras, para promover a comercialização dos produtos vínicos.

Isto em 1889, quase no fim do século, a tempo ainda de mais uma doença penalizante para o setor.

Míldio a terminar o Século XIX

Terminando o artigo sobre um conturbado Século XIX com Invasões Francesas e doenças, falamos do Míldio.

Em 1893 sente-se o efeito desta nova doença, que veio do estrangeiro, tendo como epicentro a França.

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Ciclo do Míldio

A vantagem foi o conhecimento profiláxico e da sua forma de tratamento.

Aparece a Calda Bordalesa; uma preparação de sulfato de cobre em meio alcalino.

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Aspeto da Calda Bordalesa

Sendo um tratamento que se devia dar antes da doença, foi cometido o erro de aplicar apenas no meio da mesma.

Este procedimento levou a algumas perdas, quebrando mesmo a produção de forma significativa.

Epílogo e Transformações

O século XIX foi de facto, dos séculos mais conturbados para a vitivinicultura.

Contudo, assistiu-se no fim do mesmo e ainda trouxe algo positivo.

Adegas a abarrotar de cheias, com superprodução, registando-se muita dificuldade no escoamento do vinho.

António Batalha Reis

Uma preciosidade publicada do fim do Séc XIX, de autoria de António Batalha Reis .

Aparece o enólogo de mérito, António Batalha Reis!

Igualmente produtor de vinhos na Estremadura, e na qualidade de relator dos vinhos de pasto do Congresso Vitícola Nacional,.

O qual afirmou que o futuro da produção de vinhos na Região, implicaria uma elaboração mais cuidada de vinhos de pasto.

De melhor paladar, de consumo imediato e com maior aceitação por parte dos diversos mercados.

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